Saúde e cobertura jornalística dos governos Lula II e Temer na Folha de S. Paulo: políticas, gestão e ameaças ao SUS.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Costal, Inês Caroline Magalhães lattes
Orientador(a): Paim, Jairnilson Silva
Banca de defesa: Paim, Jairnilson Silva, Silva, Ligia Maria Vieira da, Bardanachvili, Eliane
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38016
Resumo: O modo pelo qual a imprensa aborda o tema saúde e, particularmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) em diferentes governos tem sido objeto de estudos nos últimos anos. Nessa perspectiva, a presente investigação tem como objetivos identificar atores e posicionamentos divulgados na cobertura jornalística sobre as políticas de saúde nos governos Lula e Temer, verificar se a mesma expõe ameaças ao direito à saúde e ao SUS e analisar possíveis diferenças na atuação da imprensa. Para tanto, foi realizado um estudo de caso comparativo a partir de textos publicados no portal do jornal Folha de S.Paulo, de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2007 e de 12 de maio de 2016 a 30 de abril de 2017. Foi utilizada a análise de conteúdo, com uma categorização temática que considerou três grandes grupos: Problemas/necessidades de saúde e determinantes sociais da saúde; Sistema de saúde; Saber em saúde. O estudo adotou o referencial da agenda-setting (agendamento), e da framing analysis (análise de enquadramento), além de elementos teóricos gramscianos. Buscou identificar qual SUS aparece no conjunto de textos analisados, segundo as concepções de “SUS formal”, “SUS real”, “SUS para pobres” e “SUS democrático”. Os resultados obtidos revelaram que a cobertura jornalística sobre saúde se manteve com características similares em relação a diversos temas nos dois governos, em particular na categoria “Problemas/necessidades de saúde e determinantes sociais da saúde”, com uso recorrente apenas de fontes governamentais, desconsideração da determinação social da saúde e pouca contextualização. Há pouca visibilidade do financiamento do sistema e dos impactos da insuficiência de recursos. A cobertura expõe problemas do SUS e a necessidade de mudanças, com questionamento, durante o governo Temer, quanto à viabilidade do sistema existir como determinado constitucionalmente. Neste governo, o setor privado aparece como protagonista na proposição de mudanças. O estudo discute coberturas jornalísticas, concepções prevalentes do SUS e os projetos em disputa. Expõe que porquanto tenha defendido a universalidade do SUS e divulgado críticas à defesa dos interesses do setor privado, o jornal não se opõe ao insuficiente orçamento para o sistema e legitima iniciativas que o fragilizam e contribuem para a sua desconstrução, fortalecendo o “SUS para pobres” e o “SUS real”. Aponta que a mudança de compreensão sobre o SUS, a qual se relaciona a divulgação de uma imagem não distorcida na cobertura jornalística, pode contribuir para a obtenção do apoio político necessário ao seu fortalecimento, ampliando as bases sociais e políticas da Reforma Sanitária Brasileira, com uma nova hegemonia e redefinição da relação Estado-Sociedade.