O sintoma disortográfico da criança em impasse com o saber: uma construção de caso clínico em psicanálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Saldanha, Claudia Maria Tavares
Orientador(a): Fernandes, Andréa Hortélio
Banca de defesa: Melo, Rosane Braga de, Santos, Cristiane de Oliveira
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/24289
Resumo: Esta dissertação visa examinar o sintoma disortográfico da criança que está em um momento lógico de efetuação da estrutura e de entrada no discurso alfabético, problemática frequente na clínica psicanalítica com crianças. Na contemporaneidade, a criança é comumente posicionada pelo discurso científico como objeto de investigações e de práticas patologizantes e segregadoras que incentivam a medicalização das questões escolares. Tal conjuntura é interpretada pela psicanálise como efeito do discurso universitário que institui um saber todo sobre a disortografia a ser corrigida e extirpada da criança. Diante disso, o discurso do analista propõe ler a disortografia como um sintoma disortográfico a fim de possibilitar que o sujeito possa bem dizê-lo, sob transferência, o que pode propiciar que a criança ascenda à condição de intérprete das letras do alfabeto e das letras de alíngua. Isso demonstra a suplementaridade entre o saber escolar e o saber inconsciente no que diz respeito à estruturação do sujeito e à circulação no discurso alfabético. Para tanto, pretende-se analisar como a relação da criança com o saber se articula à produção do sintoma disortográfico em um momento lógico de efetuação da estrutura e de entrada no discurso alfabético a partir da construção de um caso clínico orientado pela ética da psicanálise. Por sua vez, os objetivos específicos são: identificar como as concepções da psiquiatria, da psicopedagogia e da psicanálise sobre a disortografia da criança podem ser matemizadas a partir da teoria dos discursos lacanianos; examinar como os impasses da criança com o saber em um momento lógico de efetuação da estrutura se articulam ao aprendizado da leitura e da escrita; e analisar, através do discurso do analista, a função do sintoma disortográfico da criança nas vicissitudes da efetuação da estrutura e da entrada no discurso alfabético a partir da construção de um caso clínico. Trata-se de uma pesquisa a partir da psicanálise cujo método é a construção do caso clínico de uma criança que foi atendida por mim e cujo tratamento já foi finalizado. A relevância do estudo está em analisar as contribuições da psicanálise em meio aos outros campos discursivos que se ocupam do alfabetizar e do tratamento da disortografia, a partir da perspectiva de que o erro ortográfico da criança que inicia a circulação no discurso alfabético representa o saber inconsciente que se manifesta através de equívocos do inconsciente disortográfico de alíngua. Desse modo, este trabalho revela que o saber inconsciente participa dos impasses da criança que está a se alfabestizar, uma vez que esta pode recorrer, transitoriamente, ao sintoma disortográfico para auxiliá-la a elucubrar esse saber para se estruturar como sujeito intérprete.