Exposição à violência comunitária e intrafamiliar na ocorrência de alterações de comportamento externalizantes em pré-escolares no Equador.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Oliveira, Karla Nicole Ramos. lattes
Orientador(a): Santos, Leticia Marques
Banca de defesa: Santos, Letícia Marques dos, Amorim, Leila Denise Alves Ferreira, Kiss, Ligia Bittencourt
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38019
Resumo: Introdução: As alterações de comportamento externalizantes tratam-se de comportamentos disruptivos. Dentre os fatores que contribuem para a ocorrência das alterações de comportamento na infância, a exposição à violência se destaca como importante preditor, já tendo sido observadas vias pelas quais a exposição a violência comunitária gera instabilidades e conflitos no ambiente intrafamiliar que são responsáveis pelo aumento da ocorrência de eventos violentos contra a criança, sendo estes responsáveis por prejuízos ao desenvolvimento infantil e associado à ocorrência de alterações de comportamento externalizantes. Objetivo: compreender a relação entre a exposição a violência comunitária e ocorrência de alterações de comportamento externalizantes em pré-escolares, residentes na província de Esmeraldas, distrito de Quinindé, Equador, considerando o efeito mediador da exposição à violência intrafamiliar. Metodologia: trata-se de estudo transversal associado a coorte do projeto ECUAVIDA do qual fazem parte 1673 residentes no Equador. Foram avaliadas a exposição à violência comunitária através de questionário produzido para a coleta de dados da coorte; a ocorrência de eventos de violência intrafamiliar através do Conflict Tactics Scale - Parent-Child (CTS-PC); a ocorrência de alterações de comportamento externalizantes através do Child Behavior Checklist (CBCL), versão 1,5-5 anos; além de variáveis relativas a informações sócio demográficas a partir de questionário padronizado e pré-codificado. Foi realizada análise descritiva acerca de cada uma das variáveis, posteriormente realizada regressão logística a respeito das relações entre as variáveis de exposição, mediação, desfecho e covariáveis. Por fim, foi realizada modelagem por equações estruturais a fim de analisar os possíveis mecanismos de mediação dos maus tratos físicos na relação entre a exposição à violência comunitária e a ocorrência de alterações de comportamento externalizantes. Para todas as análises foi utilizado o software STATA 14.0. Resultados: Observou-se que 49,55% dos respondentes foram vítimas diretas de violência comunitária, 88,40% testemunharam 2 ou mais atos e 68,74% apresentaram percepção de violência intermediária ou alta. Dentre as variáveis intrafamiliares, 24,03% das crianças foram expostas à violência psicológica, 64,32% à punição corporal e 26,02% à maus tratos físicos. A prevalência de alterações de comportamento 9 externalizantes foi de 6,52%. Através de regressão logística simples foram observadas associação estatisticamente significante com a ocorrência de alterações de comportamento externalizantes a vitimização direta e os altos níveis de percepção de violência comunitária; a ocorrência de violência psicológica, de punição corporal e de maus tratos físicos no ambiente intrafamiliar; além da criança ser do sexo masculino. Através da análise de mediação, foi identificado que a percepção de violência se associa a ocorrência de comportamento externalizantes por via do papel mediador da ocorrência de maus tratos físicos destinados à criança, não sendo observado efeito estatisticamente significante na ação direta da percepção sobre a ocorrência de alterações de comportamento. Foi identificada ainda via pela qual a vitimização direta se associa ao desfecho através do efeito mediador da ocorrência de maus tratos físicos. Em contrapartida, a vitimização direta também se associa à ocorrência de alterações de comportamento externalizantes diretamente. Conclusão: em ambos os modelos analisados, foi observado que a violência comunitária se associa à ocorrência de alterações de comportamento externalizantes através da mediação dos maus tratos físicos intrafamiliares. Tais resultados podem contribuir para o avanço do conhecimento a respeito das vias pelas quais a exposição à violência comunitária e a vivência de eventos violentos na infância perpetrados pela família repercutem na saúde mental infantil.