Onde está a inovação? A tensão entre permanências e mudanças nas práticas de professores/as em escolas inovadoras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Sá, Ana Luiza de França lattes
Orientador(a): Marsico, Giuseppina lattes
Banca de defesa: Marsico, Giuseppina, Muthambe, Adilson Valdano, Oliveira, Maria Cláudia Santos Lopes de, Moreno, Mónica Roncancio, Gomes, Ramon Cerqueira
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI) 
Departamento: Instituto de Psicologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39184
Resumo: O trabalho docente na escola revela aspectos interessantes de uma cultura. Demonstra a oscilação, presente nesse trabalho, entre ser reconhecido e ser mal remunerado; a aparente importância social dada à profissão docente e a não existência de condições materiais que contribuam para o seu exercício. Apesar disso, iniciativas inovadoras de professores/as em escolas públicas ocorrem de modo a provocar suas práticas que se constituem na permanente tensão permanência-mudança. A problemática deste estudo centra-se nos pontos que levam à efetivação dessas inovações e no lugar central dos professores/as na implementação de mudanças em suas práticas. Parte de uma perspectiva desenvolvimental, fundamentada na psicologia cultural semiótica que entende o desenvolvimento humano através das trajetórias de vida por meio da produção de significados mediados por signos. Aponta para a psicologia cultural da educação como expediente dos estudos do desenvolvimento nos contextos educacionais. Como objetivo geral, buscamos explicar como ocorre o processo de produção de significados a partir do signo inovação e como se expressam nas práticas de professores/as que trabalham em escolas inovadoras, sob o olhar desenvolvimental da psicologia cultural semiótica. Os objetivos específicos foram: (1) Investigar as rotinas escolares de espaços de inovação educacional e seu papel no processo de produção de significados de professores/as a partir do signo inovação; (2) Compreender quais são e de que maneira emergem os signos elucidativos da gênese, do contexto e da manutenção da inovação, nas trajetórias profissionais dos/as professores/as investigados; (3) Demonstrar as particularidades e as generalidades presentes nos processos desenvolvimentais de professores/as, através de modelo teórico, com base na psicologia cultural semiótica em contextos de inovação educacional. O método usado foi o qualitativo, de abordagem idiográfica e com desenho etnometodológico, por meio do qual se conduziu a etnografia. Considerando-se a unidade de análise pessoa-contexto nos sistemas desenvolvimentais, participaram do estudo 17 professores/as de duas escolas públicas inovadoras de Brasília, Distrito Federal, denominadas Comunidades de Aprendizagem. Para co-construção dos dados foram realizadas 4 etapas: (a) etnografia do contexto escolar; (b) Entrevista Individual A, com roteiro semiestruturado com 6 professores/as, 3 de cada Comunidade de Aprendizagem; (c) Entrevista Individual B, com situações de conflito de diálogos com 6 professores/as, 3 de cada Comunidade de Aprendizagem e; (d) Grupo de Investigação, Reflexão e Formação com 11 professores/as de uma das Comunidades de Aprendizagem. A co-construção dos dados visou destacar como o signo inovação regula a experiência dos participantes, configurando seus sistemas desenvolvimentais em nível social e individual. A análise seguiu a orientação teórica dada pela psicologia cultural semiótica em três etapas: (a) eixos temáticos das entrevistas individuais em articulação com as informações do diário de campo; (b) análise das situações de conflito de diálogo orientada pelos signos identificados na etapa anterior; (c) informações produzidas no Grupo de Investigação, Reflexão e Formação. Como resultados, identificamos que a insatisfação e o trabalho coletivo são signos que compõem a dinâmica desenvolvimental de professores/as em que o signo inovação atua como mediador da tensão entre permanências e mudanças nas práticas dos participantes com significados diversos segundo a experiência de cada professor/a. Através da compreensão sobre como o signo inovação regula a experiência dos professores/as, destacamos a gênese, contexto e manutenção do processo inovador. Desse modo, afirmamos que a inovação é um processo individual, contínuo, que se dá sob determinadas condições contextuais e se mantém devido a um mecanismo relacional, o qual nomeamos como inovação persistente. A inovação persistente tem como função ancorar e acionar a produção individual de significados sobre inovação, fazendo com que essas significações se modifiquem ao longo do planejamento e da realização de práticas na relação com as condições contextuais, sob a orientação e ordenação do trabalho coletivo. Nesse sentido, inovações são produzidas cotidianamente nas escolas estudadas, através de pequenas mudanças dependentes do contexto e da qualidade do trabalho coletivo.