CARTOGRAFIAS DO EXÍLIO: ERRÂNCIA E ESPACIALIDADE NA FICÇÃO DA ESCRITORA CARIBENHA JEAN RHYS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Freitas, Viviane Ramos
Orientador(a): Cruz, Décio Torres
Banca de defesa: Figueredo, Eurídice, Souza, Maria Carmem Jacob, Ramos, Elizabeth, França, Denise Carrascosa
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26665
Resumo: Este trabalho, que se insere na categoria de pesquisa bibliográfica e estudo analítico, propõe uma incursão por diferentes formas de exílio nas narrativas ficcionais da escritora dominicana Jean Rhys (1890-1979), sejam elas determinadas pelos movimentos e processos de colonização, pela condição feminina ou pela alienação e comodificação no mundo moderno. O enfoque dado à experiência de exílio nestes textos envolve a investigação de uma variedade de espaços, tais como o espaço pessoal da memória, a experiência feminina de espaços nos grandes centros metropolitanos, os espaços marcados pela história do imperialismo, ou ainda o próprio espaço do texto. O estudo tem como objetivo refletir sobre o papel fundamental ocupado pelas figurações de espaço e construções de lugar nas narrativas ficcionais de Jean Rhys, e identificar de que forma as experiências de exílio e errância das protagonistas são determinadas pela precariedade da sua identidade como sujeito feminino colonial. Wide Sargasso Sea, publicado no Brasil sob o título de Vasto Mar de Sargaços, ocupa uma posição central neste trabalho, que também faz uma leitura do jogo intertextual entre este romance de Rhys e Jane Eyre, de Charlotte Brontë. O trabalho inclui o diálogo com outros textos de Rhys, como os romances Quartet, After Leaving Mr Mackenzie, Voyage in the Dark e especialmente Good morning, midnight, os contos “I used to live here once”, “Let them call it jazz”, “Temps perdi”, “The day they burned the books”, “Again the Antilles”, o poema “Obeah night” (publicado em Letters 1931 – 1966), e textos autobiográficos. A pesquisa apoia-se em teorias, conceitos e reflexões que levam em consideração as implicações políticas, ideológicas e históricas dos espaços, e concentra-se em autores que dedicam especial atenção às consequências políticas e simbólicas das conquistas geográficas pelo imperialismo. Ganham relevo o trabalho de escritores que privilegiam o espaço caribenho em seus textos ficcionais e ensaios críticos (Benitez-Rojo, Glissant, Harris, Walcott). Destacamse também os autores que oferecem instrumentos para abordar as questões relacionadas à espacialidade por enfoques diversos (Bakhtin, Benjamin, Carter, De Certeau, Foucault, Lefebvre, Massey), através do enfoque da crítica pós-colonialista (Ashcroft, Bhabha, Carter, Fanon, Griffiths, Hall, Said, Spivak, Tiffin), e da crítica pós-estruturalista (Derrida, Deleuze, Foucault e Guattari). A pesquisa revelou que as figurações de espaço na ficção de Rhys permitem um mapeamento da experiência subjetiva, dando acesso a cartografias alternativas que desafiam as construções ideológicas eurocêntricas e a visão imperialista e patriarcal, propagadas tanto pelo discurso colonial, quanto por discursos literários e cartográficos hegemônicos. Além disso, o estudo concluiu que a polifonia e a opacidade que caracterizam o Caribe ficcional de Rhys e os espaços marginais dos seus textos constroem uma história espacial que, começando e terminando na linguagem, tem o poder de subversão da dimensão poética, capaz de denunciar os limites do discurso lógico e coerente da História. As estratégias narrativas de Rhys trazem à tona as incertezas materiais do tempo e do espaço vividos, histórias de estradas, ruínas, pegadas, trilhas, traços, vestígios de espaços.