Modernizar as cidades, civilizar os costumes: repressão a espíritas e candomblecistas na Bahia republicana (1920-1940)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Pereira, Flávia Lago de Jesus
Orientador(a): Sampaio, Gabriela dos Reis
Banca de defesa: Sampaio, Gabriela dos Reis, Negro, Antônio Luigi, Pereira, Leonardo Affonso de Miranda
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31924
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar a repressão a espíritas e candomblecistas na Salvador republicana entendendo que essas ações que mobilizaram diversos agentes – policiais, juristas, governantes, médicos, jornalistas, advogados – em nome da modernização e civilização dos costumes, tinham nas tensões raciais e socioeconômicas da época seu fundamento principal. Adentrando o contexto da Salvador dos anos 1920 e 1930 e tomando como ponto de partida a cobertura da imprensa a diferentes casos de perseguição a candomblecistas e espíritas, a pesquisa se propõe a entender como se efetivaram as ações policiais e dos governantes contra os terreiros e centros espíritas, quais os critérios e/ou categorias foram empregadas para justificar a perseguição a determinadas práticas. Assim, torna-se crucial compreender como médicos, advogados, juristas e imprensa se envolveram nos debates em torno da criminalização dessas crenças e as categorias por eles desenvolvidas para justificar ou não a repressão, apreendendo as divergências de opiniões que existiam. Mesmo tratando-se de religiões distintas verifica-se que, no cotidiano, certas práticas espíritas e do Candomblé, estiveram muito próximas, dando origem a experiências diversas. Essas aproximações não passaram despercebidas dos agentes repressores, que desenvolveram categorias classificatórias e acusatórias específicas para lidar com essas situações. Torna-se fundamental, portanto, investigar a construção das categorias “falso” e “baixo” espiritismo em oposição ao “verdadeiro” e “alto” espiritismo. Elas se tornaram essenciais, naquele contexto de tentativas de controle das diferentes práticas dos trabalhadores, principalmente porque permitiram direcionar o combate às vivências de negros e pobres. Diante disso é objetivo deste trabalho compreender quais as estratégias utilizadas por candomblecistas e espíritas para enfrentar a perseguição e os processos de criminalização e, ao mesmo tempo, como os adeptos dessas crenças vão recorrer a diferentes alternativas que incluíam a construção de identidades que fossem legitimadas e reconhecidas socialmente. Neste ínterim, é fundamental entender o papel das noções de “tradição” e “caridade” enquanto categorias legitimadoras de algumas práticas religiosas em detrimento de outras e de que modo elas tornaram-se centrais para o povo de santo e os espíritas na busca por validar suas crenças.