Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2007 |
Autor(a) principal: |
Mendes, Rute Paranhos Silva |
Orientador(a): |
Ramacciotti, Dante Eustachio Lucchesi |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Letras
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28771
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Resumo: |
Esta dissertação apresenta uma análise variacionista da alternância entre as formas lingüísticas nós e a gente para expressão do sujeito na primeira pessoa do plural no português popular do interior do Estado da Bahia, a partir de amostra de fala vernácula recolhida em entrevistas com vinte e quatro informantes da sede e da zona rural do Município de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano. Fundamentada nos princípios teóricos e metodológicos da Sociolingüística Variacionista, a análise descreve os contextos lingüísticos e extralingüísticos condicionadores do uso de um pronome em detrimento do outro e apresenta um diagnóstico do processo de variação nos termos da dicotomia variação estável ou mudança em curso. Em um total de 1.970 referências à primeira pessoa do discurso no plural, a forma a gente ocorreu em 93% dos casos, contra 07% da forma nós. Os resultados da análise quantitativa revelaram que o uso da variante a gente está correlacionado à realização fonética dessa forma pronominal, enquanto o apagamento do sujeito ocorre mais com a variante conservadora nós. Semanticamente, o pronome a gente refere-se mais freqüentemente ao próprio falante. Já o pronome nós é mais usado na referência conjunta ao falante e outrem. O pronome a gente tende a prevalecer antecedido por ele mesmo, ou com sujeito apagado e verbo sem marca; já o pronome nós, na condição de forma marcada, predomina na primeira referência, ou quando precedido por ele mesmo, ou pela forma verbal marcada na oração anterior, confirmando o princípio do paralelismo discursivo. A gente é mais usado nos textos descritivos, enquanto o pronome nós vem revelando-se mais produtivo no gênero narrativo. O pronome a gente prevalece nos discursos do próprio falante, já o pronome nós predomina no discurso reportado; provavelmente em função de um maior monitoramento da fala nesses momentos. Não se observou um predomínio do a gente entre os mais jovens, e surpreendeu a sua alta freqüência entre os falantes de meia idade. O uso da variante a gente predomina entre os que já viveram fora do município, enquanto os que nele sempre permaneceram deram mostra de favorecimento ao uso do pronome nós. Revelou-se um favorecimento do uso do pronome inovador na Sede do Município de Santo Antônio de Jesus e o predomínio do uso da forma conservadora na zona rural. Portanto, não obstante o resultado da variável faixa etária, o uso do pronome a gente é amplamente majoritário na fala popular do Município de Santo Antônio de Jesus; refletindo uma mudança que vem de fora, através dos falantes que têm um maior contato com os grandes centros urbanos, ou daqueles que estão mais expostos aos meios de comunicação de massa. Os resultados dessa análise fornecem elementos para uma reflexão sobre os processos sócio-históricos que concorreram para a formação da variedade de língua popular usada na região em foco, ressaltando-se a participação do contato entre línguas. |