DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS TERAPÊUTICAS PELO TREINAMENTO DE SUPERVISORES CLÍNICOS EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Velasquez, Michella Lopes lattes
Orientador(a): Oliveira, Irismar Reis de lattes
Banca de defesa: Oliveira, Irismar Reis de, Sena, Eduardo Pondé de, Mendes, Carlos Maurício Cardeal, Barletta, Janaína Bianca, Carvalho, Marcele Regine
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas (PPGORGSISTEM) 
Departamento: Instituto de Ciências da Saúde - ICS
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36242
Resumo: Introdução: A busca por profissionais competentes no campo da Psicologia Clínica passa, necessariamente, pela qualidade da prática supervisionada oferecida nos cursos de formação. Entretanto, muitas vezes o enfoque e o formato da supervisão clínica constituem decisão do próprio supervisor, condicionados à sua formação acadêmica e profissional, além da experiência prévia como aluno de supervisão, não havendo critérios objetivos específicos ou sistematização desse processo. A literatura sobre o treinamento de supervisores e seu impacto no desenvolvimento de competências terapêuticas e resultados de tratamento ainda é escassa e marcada por limitações metodológicas, pouco contribuindo para a implementação de práticas eficazes de disseminação da Terapia Cognitivo-Comportamental. Objetivos: Conhecer o panorama atual da prática clínica supervisionada nos cursos de especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental no Brasil e avaliar os resultados obtidos em competência terapêutica e na perspectiva dos supervisionandos quanto ao processo de prática clínica supervisionada após cinco sessões de treinamento de um grupo de supervisores clínicos, comparando-os aos dados observados no grupo controle. Método: Inicialmente, todos os coordenadores de cursos de especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental regularmente credenciados foram convidados a preencher um questionário eletrônico, sem identificação do respondente, sobre o exercício da prática clínica supervisionada nos cursos de especialização oferecidos. Análises descritivas foram realizadas, com o objetivo de conhecer a frequência das variáveis estudadas. Na segunda etapa da pesquisa, 18 supervisores clínicos de um centro privado de treinamento foram aleatoriamente divididos em 2 grupos segundo o momento de exposição à intervenção e novamente alocados em cada subgrupo de supervisão previamente sorteado pela própria instituição. O grupo experimento foi submetido a cinco sessões de treinamento em competências centrais em supervisão. A avaliação do desenvolvimento de competências terapêuticas por 37 alunos supervisionados foi realizada com a utilização da Cognitive Therapy Scale por um avaliador cego em relação à alocação dos participantes, que avaliou atendimentos gravados antes e após o término do treinamento, sendo que a atuação do supervisor clínico foi avaliada imediatamente após cada encontro mensal dos grupos de supervisão clínica, pelos terapeutas em formação, através do formulário de feedback do supervisionando, que integra a Supervisor Competence Scale. Resultados: A maioria dos cursos oferece oferece sessões de supervisão clínica mensais, em grupo, e a carga horária mínima reservada para as sessões de supervisão clínica foi de, pelo menos, 75 horas. A ausência de uma estrutura de supervisão foi identificada em mais da metade dos cursos participantes e o uso de sessões gravadas em supervisão não parece integrar as sessões de supervisão clínica dos cursos de especialização no País. A seleção de supervisores clínicos obedece majoritariamente a critérios relacionados à sua formação acadêmica e experiência clínica, havendo pouca ênfase no processo de treinamento do supervisor e às sessões de meta- supervisão. Em se tratando da intervenção proposta, foi observada uma ausência de evidências (p-valor=0,164) sobre a eficácia do treinamento em competências de supervisão, o que pode ser explicado pela natureza educadora do experimento e pelo reconhecido efeito de diluição do impacto do treinamento em iniciativas de treinamento em pirâmide. Neste estudo, os supervisores submetidos ao treinamento em competências de supervisão tiveram mais pontos positivos (β=0,701, p-valor<0,001) e menos pontos negativos (β=-0,893, p=0,043), identificados em sua atuação por seus supervisionandos. Terapeutas que vivenciavam o primeiro rodízio de supervisão, identificaram mais aspectos negativos (β=0,744, p- valor=0,044) e pontos a melhorar (β=0,811, p- valor<0,001) na atuação de seus supervisores do que os terapeutas que se encontravam prestes a concluir o curso de especialização. Entre os supervisionandos do grupo experimento, foi ainda observado que o risco de uma atuação facilitadora da aprendizagem reflexiva ser identificada foi 4,64 vezes o risco do mesmo ocorrer entre os terapeutas do grupo controle (Risk ratio=4,641, p-valor <0,001). Conclusão: Os dados obtidos confirmaram o caráter informal da prática clínica supervisionada e da própria formação dos supervisores clínicos que integram os cursos de especialização no Brasil. É preciso que iniciativas de capacitação sejam acompanhadas da construção de uma nova cultura profissional em que a informação sobre a própria performance seja percebida como essencial ao exercício da psicoterapia e as eventuais dificuldades, como oportunidades de aprendizado.