"Quando o muro separa, uma ponte une": contradições, realidades objetivas, totalidades e mediações geográficas e tecnológicas para o mercado de recicláveis no estado da Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Araújo, Cristiano Cassiano de lattes
Orientador(a): Caldas, Alcides dos Santos lattes
Banca de defesa: Dias, Clímaco César Siqueira lattes, Wanderley, Lívio Andrade lattes, Fernandes, Ana Cristina de Almeida lattes, Tunes, Regina Helena lattes, Caldas, Alcides dos Santos lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geografia (POSGEO) 
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34939
Resumo: A presente tese é um estudo sobre os descompassos do projeto empreendido pela extinta OSCIP PANGEA - Centro de Estudos Socioambientais - junto à Rede Cata Bahia (RCB), para a instituição de um processo inovador ao segmento da reciclagem no estado: converter três das suas vinte cooperativas em unidades que funcionassem como pequenas plantas industriais para a transformação de plástico e papelão em dois bens de consumo: caixas e garrafas. Todavia, o projeto não foi bem-sucedido, e dois elementos causadores desse insucesso nos chamaram a atenção: a pouca quantidade de materiais recicláveis que chegaram na cooperativa piloto em Salvador, que não conseguiram fazer as máquinas funcionarem em “ritmo industrial”, e a falta de infraestrutura dessas cooperativas para receber os equipamentos. Para compreender esse processo geoeconômico, utilizou-se o materialismo histórico e dialético de Karl Marx como método, operacionalizando o exame do projeto da RCB à luz de quatro categorias: a contradição, como crítica ao planejamento do projeto e proposta para a sua superação e continuidade; a análise quanto à realidade objetiva do maquinário e do modelo tecnológico que não estavam de acordo com a capacidade produtiva da Rede; a totalidade concreta, ou a falta da mesma, mediante as partes do projeto não se contemplarem como um todo; e a necessidade de um novo processo de mediação, geográfica e tecnológica, que celebrasse a realidade objetiva e a totalidade concreta tanto do lugar quanto do modelo tecnológico escolhido para atuar nessa categoria. Para a análise do contexto narrado, deixou-se de lado o exame quanto ao “desejo” dessa empreitada dar certo por meio de um processo de territorialização da Rede, ou seja, sua espacialização no território do estado, presidido por um processo de governança territorial baseado na horizontalidade como a Rede se constituiu; e, como esses objetivos não se realizaram, passou-se a trabalhar com a “realidade” deixada por este processo, utilizando a categoria lugar como um novo instrumento de planejamento, tanto para a RCB quanto para a atividade em destaque. A essa dinâmica particular do mercado de recicláveis num respectivo lugar, interpretou-a enquanto um lócus economicus, uma leitura do seguinte processo: ao invés de se preocupar com um planejamento para o território, que, economicamente, resultaria na elaboração de produtos já saturados neste mercado, como no caso da RCB, ao trocar a categoria território por lugar, esse lócus se constituiria da sinergia entre a sociabilidade presente nas demandas de uma relativa comunidade e a oferta que as cooperativas deste setor da economia tem para lhe trazer em face de um equipamento, ou modelo tecnológico, que supra tais necessidades à luz da sua condição produtiva. Isto, por sua vez, convergiria no desenvolvimento de um Espaço Distinto, uma concepção teórico- conceitual que diferencia a organização do setor da reciclagem no estado por outras empresas do ramo, em face às características que esse processo traz junto consigo: as suas relações sociais, econômicas, ambientais e tecnológicas “lugarizadas”, o resultado do que se chamou de mediação geográfica e tecnológica.