Economia solidária e as religiões afrobrasileiras: os diálogos possíveis no grupo Omim Lolá – Casa de Oxumarê

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Oliveira, Luiza Regina Alves de
Orientador(a): Sanabria, Guillermo Vega
Banca de defesa: Sousa Junior, Vilson Caetano de, Silva, Ronalda Barreto, Silva, Moisés Vieira de Andrade Lino e, Tavares, Fátima Regina Gomes, Sanabria, Guillermo Vega
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34634
Resumo: Vivemos em um contexto, no Brasil e no mundo, marcado, cada vez mais, pelo crescimento da pobreza, da violência e da intolerância religiosa. Nesse cenário, os setores populares procuram formas alternativas para sobreviverem às adversidades postas pelo atual modelo de desenvolvimento. A economia solidária tem se firmado como uma alternativa de organização desses setores por agregar ao “econômico” a dimensão da solidariedade. Tem se constituído como um espaço de experimentação de variados e diversificados formatos de organizações econômicas e sociais. Não há nesse campo modelos e regras rígidas a serem seguidas. Por isso, possibilita a interação com diferentes culturas, povos e territórios. No Brasil, a presença dos povos de terreiro no movimento de economia solidária tem pautado um interessante debate no que diz respeito às relações de poder, econômicas, políticas e sociais presentes nos terreiros de candomblé. Isso ocorre porque a autogestão é um dos princípios fundamentais da economia solidária enquanto nas religiões afro-brasileiras a hierarquia, o parentesco e a senioridade tem um lugar central. Nesse sentido, algumas perguntas orientam esse processo investigativo. Como funcionam as relações sócio-político-econômicas nos terreiros? O que são esses empreendimentos de matriz africana? Quem os compõe? Onde estão? O que produzem? Como é possível estabelecer relações entre a economia solidária com a estrutura hierarquia de poder no candomblé? Como se estabelecem essas trincheiras? Isso é um problema? Se é, para quem? Para os terreiros? Para o movimento de economia solidária? A pesquisa ora apresentada tem como objeto uma análise sobre a economia solidária como estratégia político-econômica das religiões afro-brasileiras enfocando a hierarquia e autogestão existentes no grupo pertencente à Casa de Oxumarê. O objetivo geral é analisar como se relacionam a hierarquia e a autogestão no processo de produção do grupo Omim Lolá. Na busca por encontrar resposta para este problema, optei por um percurso metodológico que permitisse uma aproximação mais consistente com a realidade do grupo. Por isso, além da revisão bibliográfica e documental, necessárias para qualquer processo de pesquisa, optei pela observação participante. Assim, fiz um processo de imersão por aproximadamente sete meses no grupo Omim Lolá. Nesse período, participei efetivamente do curso de bordado tradicional e de costura oferecidos pelo terreiro, do processo de produção e comercialização, além de reuniões e outras atividades realizadas pelo grupo e pela Casa de Oxumarê. Dessa forma é possível sugerir que o Omim Lolá possui na sua rotina valores e princípios que se assemelham as iniciativas da economia solidária, de respeito, reciprocidade, cooperação, valorização das pessoas. Ao passo que criam suas estratégias de lidar com a hierarquia e senioridade existente no grupo, elementos inerentes das religiões afro-brasileiras.