Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Josenel dos Santos
![lattes](/bdtd/themes/bdtd/images/lattes.gif?_=1676566308) |
Orientador(a): |
Lima, Rachel Esteves
![lattes](/bdtd/themes/bdtd/images/lattes.gif?_=1676566308) |
Banca de defesa: |
Lima, Rachel Esteves
,
Silva, Cristiane Brasileiro Mazocoli,
Miranda, Fernanda Rodrigues de,
Santos, José Henrique de Freitas,
Silva, Jorge Augusto de Jesus |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
|
Programa de Pós-Graduação: |
Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT)
|
Departamento: |
Instituto de Letras
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40879
|
Resumo: |
Na tese, analiso as repetições das formas como a crítica literária e cultural aborda a vida e a produção artística negra. A partir dos “casos” de Pedro Kilkerry, poeta simbolista santoantoniensse, do entre-séculos XIX e XX, “ignorado” pela crítica literária brasileira, e do artista visual moderno negro estadunidense que teve uma “vida conturbada” nas últimas décadas do século XX, Jean-Michel Basquiat, refletirei sobre como determinados procedimentos da crítica se relacionam a uma postura crítica arraigada em critérios deterministas ou, no limite, racistas, da crítica literária brasileira, para o caso de Kilkerry, e da crítica cultural e de arte, no “caso de Basquiat”. Emprestando a expressão, "Samo", same old shit, “a mesma merda de sempre”, utilizada por Basquiat para assinar as suas pinturas nos muros da Nova Iorque da década de 1980, analiso essas “repetições”, essa continuidade, “a mesma abordagem de sempre”, de alguns procedimentos da crítica literária e cultural quando tratam desses artistas. A “repetição” observada por Basquiat e sintetizada no acrônimo serve como “operador de leitura” na tese para se observar como a crítica cultural e literária tem, nos casos desses artistas, se limitado a considerar questões tais como: condições de vida miseráveis, alcoolismo ou consumo de drogas e entorpecentes, loucura ou genialidade, processos de alfabetização ou de “letramento artístico” não formais, contrastes opositivos tais como natureza/cultura e sentimento/pensamento, perturbações psíquicas e, principalmente, como esses artistas, via de regra, a despeito dessas questões constituem-se em “destaques” na cena artística e no cenário cultural de sua comunidade. Esse destaque, em geral, tem se dado levando-se em consideração a negritude desses sujeitos como uma espécie de mercadoria que, para além das suas obras, também é comercializada, como forma de reforçar a ideia de “gênio”, encarando o artista negro como uma exceção. Investigo de quais formas essa crítica vem, historicamente, construindo arquivos sobre artistas negros de forma a privilegiar noções socioantropológicas sobre os mesmos, em detrimento de abordagens mais cautelosas de suas obras. De modo geral, essa crítica tem considerado esses artistas como “insólitos”, “deslocados”, “acidentes”, “milagres”, “inadaptados”, “fora do lugar”. Nessa perspectiva, o objetivo que subjaz à pesquisa é “revirar” esses arquivos sobre Kilkerry e Basquiat, a fim de possibilitar a observação de questões que obliteraram a “consagração” desses artistas e, no limite, pilham as suas experiências. Em linhas gerais, as abordagens críticas desses artistas têm se dado sobretudo em duas linhas de análise que detalho na tese como: a da tentativa de familiarização com artistas brancos, como forma de “dar coerência” e sentido a suas obras ou, com mais frequência, considerando esses artistas negros como uma “espécie de milagre”, um “acidente da natureza”. Teoricamente, a discussão se sustenta principalmente pelas reflexões de Frantz Fanon, Pele negra, máscaras brancas (2008), Os condenados da Terra (2022), Alienação e liberdade (2020) – W.E.B Du Bois, As almas do povo negro (2021) – Achile Mbembe, Crítica da razão negra (2018), Necropolítica (2018) – Sueli Carneiro, A construção do outro como não ser como fundamento do ser (2005) – Saidiya Hartman, Vidas rebeldes, belos experimentos (2022) – Henrique Freitas, O arco e a arkhé (2016) e Frank B. Wilderson III, Afropessimismo (2021). |