"Das potências não-alinhadas": o Egito e a política externa independente de Jânio Quadros e João Goulart (1961-1962)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Mateus José da Silva lattes
Orientador(a): Brito, Antônio Maurício Freitas
Banca de defesa: Ferreira, Muniz Gonçalves, Oliveira, Laura de, Brito, Antônio Maurício Freitas
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34945
Resumo: O objetivo principal desta dissertação é analisar os limites e as possibilidades de relacionamento entre brasileiros e egípcios durante os primeiros passos da Política Externa Independente. Considerando o complexo quadro envolvendo a existência de iniciativas favoráveis à ampliação dos laços entre os dois países a partir do início do governo Jânio Quadros e as tensões decorrentes do confronto entre diferentes perspectivas de Política Externa e leituras sobre o cenário internacional nos anos 1950 e 1960, discutiremos como as relações Brasil – Egito obedeceram aos sentidos de uma aproximação incômoda. Numa atmosfera de conflitos em torno da PEI, diferentes atores sociais disputaram seus rumos a partir de um confronto entre perspectivas sobre o lugar do Brasil do mundo, produzindo interessantes análises acerca das relações exteriores. Intelectuais como Eduardo Portella, diplomatas como Roberto Campos e Adolpho Justo Bezerra de Menezes, ex-parlamentares ligados à Política Externa como San Tiago Dantas e Afonso Arinos, além de militares como o Almirante Carlos Penna Botto alimentaram os debates acerca dos caminhos empreendidos pelos governos Jânio Quadros e João Goulart (1961-1962). A partir de obras contemporâneas ou extemporâneas à PEI, além de artigos publicados na Revista Brasileira de Política Internacional, tais indivíduos apontavam para novas possibilidades para a PEB ou apelavam pela manutenção das linhas de ação tradicionais, levando em conta diferentes demandas domésticas e as oportunidades existentes num contexto de mudança no sistema e na ordem internacional. Identificando as diferentes percepções sobre o Egito, que variavam desde o sentimento de uma concorrência para o Brasil na conquista de uma liderança entre os países do continente negro e o mundo subdesenvolvido até aos questionamentos sobre o regime político liderado por Nasser e suas relações com outros atores na cena internacional, discutiremos as principais variáveis que constituíam a existência de um complexo quadro para aproximação entre brasileiros e egípcios. Num ambiente marcado pela desconfiança, medo, cautela e entusiasmo frente aos rumos da PEB, um Egito de oportunidades também foi impulsionado por Jânio Quadros. Por meio de textos de O Cruzeiro e dos memorandos encaminhados ao Itamaraty durante seu curto governo, destacaremos como o então candidato e, posteriormente, presidente da República foi um ator relevante dentro das possibilidades de aproximação, acenando positivamente para o Egito a partir de sua admiração pelo presidente Gamal Abdel Nasser e pela atribuição de papel estratégico ao país africano em suas concepções acerca da política internacional e das relações exteriores do Brasil. Se as características das políticas externas dos dois países impulsionavam o estreitamento de laços na esfera bilateral e multilateral, somado ao engajamento de distintos atores domésticos, o nível do debate intelectual sobre as relações exteriores a partir dos sujeitos da PEI evidenciava os incômodos existentes no cenário doméstico brasileiro para o aprofundamento de suas relações com o Egito e nas concepções acerca do papel do país africano na arquitetura internacional.