Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Lima, Leonardo Silva
 |
Orientador(a): |
Ristum, Marilena
 |
Banca de defesa: |
Lordelo, Lia da Rocha
,
Vasconcelos, Ticiana Paiva de
,
Ristum, Marilena |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI)
|
Departamento: |
Instituto de Psicologia
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34758
|
Resumo: |
Este é um estudo sobre a atuação humanitária de psicólogos em contextos de desastres. É comum que esses profissionais se deparem com o desafio de experienciar desastres sob a expectativa social de que devem ofertar cuidado à população atingida e, ao mesmo tempo, precisem lidar com mudanças nas suas vidas, inerentes ao contato com as culturas e os espaços nos quais se dão as suas missões. Segundo a perspectiva do self dialógico, o self de cada sujeito é constituído por diversas vozes ou I-positions que dialogam entre si e coexistem, muitas vezes, sob tensão. No caso desses profissionais, é esperada a emergência de posições como: eu-cuidador (a), eu-psicólogo (a), eu-recém-empregado, eu-profissional, eu-marido/esposa, eu-pai/mãe, eu-estrangeiro, dentre outras. Este trabalho tem, então, como objetivo geral, analisar como psicólogos configuram o seu self na esfera de experiência do trabalho humanitário em contextos de desastres. Seus objetivos específicos são: identificar as principais I-positions ocupadas por esses profissionais; analisar a dinâmica de interação entre tais I-positions, considerando suas fronteiras, tensões e mediações; analisar como mudanças transitivas e intransitivas são experienciadas, enfatizando redefinições no self; e investigar como esses profissionais fazem uso de recursos na promoção da continuidade do seu self. Esta pesquisa, de natureza qualitativa, traz, em seu delineamento, um estudo de três casos individuais, de cunho sistêmico e idiográfico, cujos dados foram analisados à luz da Psicologia Cultural de Orientação Semiótica. Participaram do estudo três psicólogas que trabalham em uma Organização Não Governamental de abrangência internacional, denominada Humanitários Pelo Mundo – HPM, a qual oferta cuidados em saúde e promove missões humanitárias em contextos de desastres. Estas participantes foram selecionadas por conveniência e de modo independente, ou seja, sem a coparticipação da instituição onde trabalham. Foram utilizados, como documentos, para consulta e análise, diários de bordo, notas de missão, entrevistas à mídia, fotos e vídeos produzidos pelas participantes com a anuência das mesmas. Os instrumentos aqui adotados, por sua vez, foram o Questionário sociodemográfico e a Entrevista Narrativa. Inicialmente, as participantes tiveram seus diários de bordo, entrevistas à mídia e notas de missão lidos, e seus vídeos e fotos apreciados, no intuito de fornecer dados para a elaboração de questões na fase de perguntas da entrevista narrativa. Por fim, elas foram submetidas à entrevista narrativa, na qual foram solicitadas a narrar suas experiências de vida desde que tinham sido admitidas na HPM. As entrevistas duraram, respectivamente, 2h6min, 2h5min e 1h16min. Uma vez construídos e transcritos, os dados foram então submetidos a uma análise de narrativas, sob a ótica da Psicologia Cultural e dos estudos sobre a atuação humanitária de psicólogos em contextos de desastre. Nos casos analisados, foi possível observar uma centralidade das posições eu-humanitária, eu-psicóloga e eu-cuidadora em relação às demais. Essa centralidade, entretanto, foi flexibilizada por posições relacionadas à família e ao autocuidado, em uma dinâmica que possibilita o fluxo contínuo de tensão nos sistemas analisados. Esse fluxo foi acompanhado pela utilização de importante recursos, como amizades, intérpretes e normas institucionais, os quais apresentaram relevância inestimável na trajetória de cada entrevistada. A partir das discussões aqui promovidas, espera-se impulsionar um aprofundamento dos estudos sobre o tema, especialmente no que tange à compreensão das práticas e vivências de cada profissional, dada a pluralidade com que se apresentam. |