Histórias e memórias de mulheres nadadoras: o que a travessia Mar Grande - Salvador revela sobre a educação das mulheres em Salvador/BA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bahia, Lygia Maria dos Santos
Orientador(a): Silva, Maria Cecilia de Paula
Banca de defesa: Santos, Admilson, Moreira, Anália de Jesus, Pires, Cristine Lima
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/24014
Resumo: A pesquisa objetivou reconstruir, no tempo presente, uma das histórias da participação das mulheres na Travessia Mar Grande–Salvador, a fim de estabelecer relações entre a educação das mulheres e a participação na prova. Investigou-se algumas edições dessa Travessia, que teve grande destaque nos anos 1950, e acontece até os dias atuais. As mulheres, consideradas ―sexo frágil‖, ―de corpo delicado‖ neste período, realizaram a prova à época e continuam a realizá-la, a despeito de questões sociais e educacionais. Justifica-se a presente investigação pelos estudos escassos a respeito das relações entre história da educação das mulheres e a natação em mar aberto. Utilizou-se a metodologia da história oral temática (Thompson, 1992; Delgado, 2006) para elucidar e recuperar histórias e memórias dos envolvidos na Travessia, e outras fontes documentais. A produção dos sentidos foi igualmente contemplada, a partir dos pressupostos teóricos da análise de conteúdo (Véron, 1980). Os resultados indicam que a participação na prova, era e é de mulheres da elite soteropolitana, em sua maioria branca. Esta participação permanece reduzida em relação à dos homens, bem como de mulheres de outras classes sociais, ainda com resistências. A despeito dessas resistências, as mulheres que ousaram desafiar e desafiar-se admitem que a participação na Travessia foi importante na educação de forma geral, por oportunizar o conhecimento e superação dos limites de cada uma, promover a autoestima, o respeito ao outro, a convivência com as diferenças, a disciplina, aquisição de novos saberes. Conclui-se que questões sociais, econômicas e educacionais, continuam a definir papéis atribuídos às mulheres na sociedade a exemplo do medo da ‗masculinização‘ dos corpos femininos em determinadas classes sociais. Entre avanços e retrocessos na educação das mulheres no Brasil, considerou-se a Travessia um avanço, um divisor de águas no sentido de visibilizar novos horizontes, superar estigmas, valores e papéis historicamente naturalizadas para a mulher, como corpo frágil, medrosa, ‗do lar‘, passiva. A participação da mulher nesse evento em mar aberto, pôde contribuir para a ressignificação desses papéis, ao ampliar suas potencialidades, seu lugar no mundo e, quiçá, para a construção de relações sociais mais igualitárias.