Intervenções públicas de saúde voltadas a obesidade: revisão de escopo, avaliação da teoria e da implantação em municípios na Bahia.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Lana Mércia Santiago de lattes
Orientador(a): Chaves, Sonia Cristina Lima
Banca de defesa: Esperidião, Monique Azevedo, Santos, Sandra Maria Chaves dos, Dias, Patricia Camacho, Alcântara, Luciene Burlandy Campos de, Chaves, Sônia Cristima Lima
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41616
Resumo: PROBLEMÁTICA: A obesidade caracteriza-se como fenômeno social, pandêmico, multicausal, compreendido como doença ou fator de risco para outros agravos, constituindo-se como desafio à saúde pública. Assim, intervenções neste campo têm sido implementadas para buscar prevenção e/ou controle de aumento da obesidade nas populações, bem como o cuidado às pessoas que convivem com excesso de peso. No Brasil, em 2013 é instituída a Linha de Cuidado ao Sobrepeso e Obesidade (LCSO), como estratégia de organização da atenção, a partir das redes temáticas. OBJETIVO: Investigar o escopo, plausibilidade teórica e implantação de intervenções públicas de saúde voltadas à condição de sobrepeso e obesidade. METODOLOGIA: Para análise da produção acadêmica, foi realizada revisão de escopo da literatura, nas bases de dados MEDLINE/ PubMed, Web of Science e LILACS. Os estudos selecionados foram organizados segundo as suas características e analisadas a partir das Estratégias de saúde pública aplicáveis à obesidade, baseadas em Poulain (2013). No segundo momento foi conduzida a avaliação da teoria da Linha de Cuidado ao sobrepeso e obesidade no Brasil, por meio de análise lógica direta. Foram elaborados o modelo lógico da intervenção e o modelo teórico do cuidado a condição de sobrepeso e obesidade na APS, posteriormente comparados, a fim de reconhecer pontos potenciais e fragilidades da intervenção, bem como a força da relação causal entre a ação e seus efeitos. Tendo como referência o modelo lógico elaborado, foi também conduzida avaliação do grau de implantação das ações de cuidado às pessoas com sobrepeso e obesidade, na atenção primária à saúde, em 160 municípios baianos, distribuídos em nove macrorregiões de saúde. Foi utilizada uma matriz avaliativa, cuja pontuação variou de 0 a 100, distribuídos em quatro categorias: Não Implantado (0 a ≤ 25,0), Implantação Incipiente (25,0 a ≤ 50,0), Intermediária (50 a ≤ 75,0), avançada (75,0 a 100). O grau de implantação foi associado a indicadores geográficos, sociais e de saúde. RESULTADOS: A avaliação de escopo permitiu identificar 15 tipos de intervenções voltadas à prevenção e tratamento da obesidade, com maior frequência das ações desenvolvidas no ambiente escolar. Observou-se o foco em estratégias que utilizam a linha do ambiente, através de medidas legislativas regulatórias, com vistas ao enquadramento de condutas e as focadas nos indivíduos e populações de risco através de ações educativas para promoção em saúde. No Brasil, a avaliação teórica da LCSO evidenciou a necessidade de objetivos melhor definidos, meios de ação mais estruturados, financiamento adequado, sensibilização de gestores, profissionais e comunidade sobre o tema, bem como objetivos voltados às práticas de trabalho, para o alcance da integralidade proposta. Maior ênfase precisa ser dada às ações voltadas à gestação, parto e desenvolvimento inicial na infância, ligadas à obesidade. A avaliação revelou implantação incipiente para a maioria dos municípios (n=64,40,0%) e em cinco, das nove macrorregiões de saúde da Bahia. Nas subcategorias de análise, a promoção da saúde e prevenção ao sobrepeso e obesidade apresentou melhor implantação e a de redução do estigma e qualificação do cuidado, as menores pontuações. CONCLUSÃO: Apesar de sua elevada prevalência, a condição de sobrepeso e obesidade e suas respectivas ações de cuidado na APS, ainda não é prioridade pública. A ideia comportamental de orientação através da educação em saúde para um estilo de vida saudável prevalece nas políticas públicas, indicando um movimento de responsabilização dos sujeitos. É imperativo aprofundar o debate das estruturas sociais de determinação da obesidade, junto à ações de mudança nos sistemas de representações sobre o corpo obeso, sem negligenciar o cuidado. Ademais, fazse necessário investimentos em recursos financeiros, físicos e humanos, especialmente sobre os processos de trabalho e educação permanente dos profissionais, para qualificação da atenção prestada.