A construção de uma antropologia pedagógica em Rousseau: entre o Discurso sobre a Desigualdade e Emílio ou Da Educação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Costa, Maria Do Socorro Gonçalves da lattes
Orientador(a): Silva, Genildo Ferreira da lattes
Banca de defesa: Silva, Genildo Ferreira da, Kawauche, Thomaz Massadi, Façanha, Luciano da Silva, Costa, Israel Alexandria, Paiva, Wilson Alves de Paiva
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39497
Resumo: A presente tese tem como escopo principal atualizar o debate filosófico em torno da relação antropologia e pedagogia destacando a formulação rousseauniana de homem do estado de natureza no cotejo com a educação da criança, mais precisamente, com a concepção pedagógica da obra Emílio ou da Educação de Rousseau. O recorte da pesquisa reconduz ao clássico modelo de educação humana proposta por Platão, para observar que, Platão inspirou os filósofos que se propuseram a pensar a educação do indivíduo na modernidade. São eles: Montaigne, Comenius, Locke e o próprio Rousseau. O genebrino propõe em Emílio um conjunto de princípios que compõe sua pedagogia entremeada pela antropologia, destacando questões como, o que é o homem e como deve ser sua educação. Esses questionamentos são postos diante de uma, ainda tateante, ciência antropológica que veio se desenvolvendo desde o Renascimento atingindo seu ápice no século XVIII, com o Iluminismo francês. Essa ciência, com as ideias de Rousseau, sofre uma fissura jamais imaginada para o período. Com a ideia da antropologia ficcional, vale-se do mito de Glauco e vai-se às origens do homem, retomando-as para empregá-las na criança fictícia, destacando a educação negativa, na qual se dá a emersão de um novo paradigma de formação humana. Tratando da infância até os doze anos, mostrando as vias de a conservar e a proteger, para o bem de si, evitando assim, os vícios e os erros que levam à corrupção e à infelicidade, mediante a atuação da figura do preceptor. No fervor do século XVIII, as ciências humanas sofrem a influência da física newtoniana, sendo possível vislumbrar o Emílio como um experimento humano de educação, cuja natureza fornece os princípios para que o preceptor siga e seu aluno seja submetido às experiências do exercício do corpo e aprimoramento dos sentidos, colhendo os preceitos e os princípios que irão gerir a educação negativa. Se Rousseau identifica as características da criança com as mesmas peculiaridades do homem do estado de natureza, fica evidente que sua concepção de pedagogia está estreitamente vinculada à antropologia, sua idealização do Emílio está integrada na compreensão da condição original da humanidade. Com sua pedagogia centrada na antropologia, Rousseau busca desenvolver princípios que possam garantir ou evitar ao máximo a degeneração, desfiguração do homem, apoiado num processo que possa levar as crianças a se tornarem homens autônomos diante das incitações negativas que o processo social apresenta. Tal homem bem formado terá todas as capacidades e condições para ser soberano, livre, justo e consequentemente formará uma sociedade mais justa e igual, onde as pessoas sejam mais felizes. Para Rousseau, pensar a criança é arquitetar o homem do amanhã.