Morbidade materna grave: evolução temporal, principais causas e efeito da atenção primária à saúde sobre as hospitalizações por esses agravos no Brasil Salvador.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Luz, Leandro Alves da lattes
Orientador(a): Pereira, Rosana Aquino Guimarães
Banca de defesa: Nery, Joilda Silva, Amorim, Leila Denise Alves Ferreira, Nedel, Fúlvio Borges, Leal, Maria do Carmo, Pereira, Rosana Aquino Guimarães
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia. Instituto de Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37827
Resumo: A morbidade materna grave (MMG) é uma situação de gravidade obstétrica com potencial risco de morte no ciclo gravídico-puerperal e importante indicador para monitorar, avaliar a qualidade e melhorar os cuidados de saúde materna. Esse problema é potencialmente evitável por um conjunto de ações da atenção pré-natal (APN), que representa ação basilar no escopo de atividades desenvolvidas na Atenção Primária à Saúde (APS). Esta Tese teve como objetivo caracterizar a MMG, descrever sua tendência temporal e avaliar o efeito da Estratégia de Saúde da Família considerando a cobertura da APN sobre a evolução da MMG e suas causas específicas nos municípios brasileiros. A tese foi construída no formato de três artigos, sendo o primeiro um ensaio que teve como objetivo apresentar e discutir os conceitos e critérios utilizados para a classificação do near miss materno ou MMG no mundo. O estudo evidenciou existência de polissemia de termos e definições, bem como ausência de consenso na sua definição o que contribui para que a carga global e a extensão do problema em todo mundo não sejam plenamente conhecidas. Os esforços na criação de indicadores de MMG para compreensão da carga global de doença no ciclo gravido-puerperal e para monitorar e avaliar a qualidade da saúde materna demonstraram avanços nas proposições de classificações mais sensíveis e adequadas aos diversos contextos em cada país. Entretanto, diversos desafios ainda permanecem, especialmente relacionados às distintas classificações amplamente utilizadas, sendo necessário a padronização dos critérios para comparar os diferentes cenários, em períodos distintos e avaliar o impacto das intervenções. O artigo 2, teve como objetivo analisar as tendências temporais das taxas de hospitalizações por MMG e de suas principais causas, no Brasil e regiões no período de 2000 a 2017 e utilizou o modelo de regressão segmentada para estimar a variação anual percentual média (Annual Percent Change – APC) em segmentos específicos de uma série histórica e a média ponderada dos APC obtidos na análise segmentada (Average Annual Percent Change – AAPC). Os resultados deste artigo mostraram aumento (AAPC=3,1; IC95%: 2,3;3,9) nas taxas de hospitalização por MMG no Brasil, e na maior parte das Regiões. A análise das causas específicas demonstrou aumento nas taxas de hospitalizações por eclampsia (AAPC=14,9%; IC95%: 8,3; 21,9), admissão em UTI (AAPC=7,1%; IC95%:3,7;10,6) e pré-eclâmpsia (AAPC:6,6; IC95%:5,2;8,0); estabilidade nas taxas de hospitalizações por hemorragia grave (AAPC: -0,4; IC95%: -1,7;0,8); e redução nas taxas de hospitalizações por sepse (AAPC=-2,7; IC95%:-3,8; -1,6), com comportamentos distintos entre as Regiões. O último artigo da tese avaliou os efeitos da expansão da cobertura da ESF e APN sobre as hospitalizações por MMG e segundo causas específicas de síndromes hipertensivas e sepse, nos municípios brasileiros, através de modelos de regressão com resposta binomial negativa e efeitos fixos. Os resultados revelaram que a consolidação da ESF e APN esteve associada ao aumento das hospitalizações por MMG (RR=1,64; IC95%:1,60-1,67) e por síndromes hipertensivas (RR=1,70; IC95%:1,66-1,75) e redução das hospitalizações por sepse (RR=0,83; IC95%: 0,80-0,87) em municípios brasileiros. Os efeitos da APS e APN parecem indicar falhas na APN, mas os achados podem revelar que as hospitalizações podem ter ocorrido no espectro de maior gravidade e por isso não eram evitáveis e que os encaminhamentos ocorreram de forma oportuna para o nível de maior densidade tecnológica, evitando possíveis complicações ou óbito. Os resultados têm implicações importantes para o modelo de saúde centrado na APS e do papel do pré-natal no ciclo gravídico-puerperal. Desse modo, destaca-se a necessidade de fortalecimento de políticas destinadas ao ciclo gravídico-puerperal e qualificação da APN, enquanto atividade basilar da ESF, visando a prevenção de MMG e suas complicações que impactam na vida das mulheres.