Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Freitas, Paloma de Sousa Pinho |
Orientador(a): |
Aquino, Estela Maria Motta Leão de |
Banca de defesa: |
Martins, Ana Luisa Patrão,
Pinto, Karina Araújo,
Araújo, Tania Maria de,
Griep, Rosane Harter |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Saúde Coletiva
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduação em Saúde Coletiva
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28951
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Resumo: |
A presente tese teve como objetivo analisar os efeitos do estresse ocupacional, conjugado às demandas familiares, sobre a ocorrência de transtornos mentais comuns entre docentes do ensino superior do ELSA-Brasil. Estudos sobre gênero, saúde, trabalho e família entre docentes ainda permanecem pouco presentes na literatura brasileira e internacional. Os transtornos mentais comuns são caracterizados por quadros de ansiedade, depressão e sintomas psicossomáticos, atualmente considerados um relevante problema de saúde pública e, se não tratados, podem desencadear processo difícil de ser revertido. Diversos fatores podem relacionar-se ao adoecimento mental, com distinções entre homens e mulheres. As recentes transformações do sistema educacional brasileiro impuseram à docência a lógica do trabalho intensificado e precarizado. A falta de apoio social e pressões decorrentes da alocação de lógicas produtivistas nas atividades docentes (pesquisa, ensino e extensão) têm sido documentados como importantes estressores ocupacionais em ambientes acadêmicos cada vez mais precários e com relações conflituosas. A interação entre demandas do trabalho e da família também tem gerado tensão e sofrimento, pelas dificuldades de conciliação, sobretudo temporais. Essa pesquisa integra o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA- Brasil), um estudo multicêntrico que envolve centros em capitais de seis estados brasileiros (Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo). Trata-se de um estudo transversal incluindo 2252 docentes do ensino superior de diferentes instituições, sendo 952 mulheres e 1300 homens, entrevistados/as na linha de base do estudo longitudinal (2008-2010), ativos no momento da coleta e com idade variando entre 35 e 69 anos. Foram contempladas nas análises características sociodemográficas, familiares, do trabalho, conflito trabalho-família e tempo insuficiente para cuidar de si e lazer com repercussões na saúde mental. Os estressores ocupacionais foram mensurados pela escala sueca do Questionário Demanda-Controle-Apoio Social (DCSQ) e os TMC pelo Clinical Interview Schedule (CIS- R). O pacote estatístico Stata versão 12.0 for Windows foi utilizado para análise dos dados. Como resultados da tese foram elaborados três artigos: (1) Estresse ocupacional, saúde mental e gênero entre docentes do ensino superior: revisão integrativa; (2) Transtornos mentais entre professoras e professores do ensino superior do ELSA-Brasil: determinantes do trabalho e da família; (3) Gênero, estresse ocupacional e transtornos mentais comuns entre docentes do ensino superior do ELSA-Brasil: o tempo insuficiente para cuidar de si e lazer modifica esta associação? Os achados permitiram identificar o pouco investimento em estudos empíricos com avaliação do estresse ocupacional e saúde mental na perspectiva de gênero entre docentes universitários. O estresse ocupacional apresenta-se como um problema atual nas universidades; docentes insatisfeitos/as com seu trabalho; elevadas prevalências de transtornos mentais e sintomas depressivos foram observados nos ambientes acadêmicos; necessidade de maior responsabilização por parte da gestão educacional e investimento no apoio social e em melhores condições de trabalho. Entre os/as 2252 docentes estudados/as, 26,8% das mulheres apresentaram TMC contra 13,6% dos homens. Entre elas, houve influência de todos os aspectos investigados, ou seja, o fato de ser negra, estar desenvolvendo trabalho ativo, passivo ou em alta exigência e conviver com desgaste no conflito do trabalho em direção à família e não ter tempo suficiente para cuidar de si e para o lazer foram determinantes para adoecimento mental feminino. Em contrapartida, entre os homens apenas o conflito trabalho-família teve influência para a ocorrência dos TMC. A falta de relaxamento, lazer ou realização de cuidados pessoais foi mediador importante na associação entre estresse ocupacional e transtornos mentais comuns entre as mulheres, sugerindo que tais achados são influenciados pelas desigualdades de gênero no campo das relações entre trabalho, saúde e tempo. Em síntese, aspectos relativos a gênero que envolvem trabalho, família, tempo insuficiente para si e saúde são temas que permanecem ausentes nas produções acadêmicas dessa temática. Os elementos pautados no debate explorados nas discussões dessa tese reforçam a legitimidade e necessidade de sua abordagem. |