Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Müller, Juliana dos Santos |
Orientador(a): |
Mendes, Carlos Mauricio Cardeal |
Banca de defesa: |
Pena, Paulo Giovane Lopes,
Jardim, Vanessa Luiza Tuono,
Killinger, Cristina Larrea |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROCESSOS INTERATIVOS DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34601
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Resumo: |
Introdução: Os distúrbios do sistema musculoesquelético e seus componentes são caracterizados como um grave problema de saúde e estão incluídos entre as principais causas de dor e de incapacidade nos ambientes de trabalho. A tipologia da atividade de trabalho, o contexto socioambiental e econômico estão, possivelmente, relacionados com sua ocorrência e gravidade, especialmente em pescadores artesanais. Objetivos: Verificar a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos generalizados, por região corporal, e de dor musculoesquelética (artigo 1); os fatores associados aos distúrbios musculoesqueléticos generalizados e traçar o perfil dos pescadores com distúrbios musculoesqueléticos conforme a ocupação (artigo 2), em uma população pesqueira tradicional da Baía de Todos-os-Santos, Bahia, Brasil. Material e Métodos: Realizou-se um estudo de corte transversal, a partir de amostra probabilística estratificada por ocupação, de 248 pescadores artesanais do município de Cachoeira, residentes no bairro de Santiago do Iguape. A coleta de dados realizou-se entre maio a julho de 2017, com instrumentos referentes à caracterização dos pescadores, a fatores físicos relacionados ao trabalho, ambiente e organização laboral. Por fim, utilizou-se também o instrumento validado para população brasileira para avaliação de sintomas e de dor musculoesquelética autorreferida designado Nordic Musculoskeletal Questionnaire. Resultados: No artigo 1 foram descritos o quantitativo de 248 indivíduos, dentre os quais 170 eram marisqueiras e 78 pescadores, com a média de idade de 36,7 anos (DP = 10,5 anos) para marisqueiras e 43,3 anos (DP= 11,8 anos) para os pescadores. A média de horas trabalhadas por dia, respectivamente, foi de 8,8 horas (DP = 1,9) para elas e 9,1 horas (DP = 3,0) para eles, e em ambas as ocupações a atividade laboral foi iniciada com média aproximada de 11 anos de idade. A renda semanal média variou de R$ 57,00 (DP=35,7) reais até R$ 94,6(DP=55,9). A prevalência de distúrbios musculoesqueléticos, independente de ocupação, ocorreu em pelo menos uma região corporal em 93,5% da amostra, bem como a presença de dor/desconforto musculoesquelético, nos últimos sete dias, em 95,2% dos trabalhadores da pesca. As maiores prevalências do agravo de DME acometeram as marisqueiras nas regiões lombar (86,4 %), punho e mão (73,5%) e parte alta das costas (66,8%); e, nos pescadores, as mesmas regiões foram mais acometidas: lombar (82,9 %), punho e mão (70,0%) e parte alta das costas (57,1%). Em relação à presença de dor no último ano, a frequência foi maior nos pescadores comparativamente às marisqueiras, na maioria das áreas estudadas. No artigo 2 conforme a análise de correspondência múltipla, demonstrou-se a ausência de associação do referido distúrbio com a ocupação, coincidindo com o resultado da modelagem de Poisson, com valores de razão de prevalência bruta e ajustada entre ocupação e distúrbio musculoesquelético, respectivamente de 1,06 e 1,04. Acerca dos fatores associados ao referido distúrbio e à ocupação pesqueira, não há diferença entre ser marisqueira e ser pescador na prevalência da sintomatologia generalizada, quando avaliados conjuntamente; associaram-se às mulheres: faixa etária menor ou igual a 37 anos, com filhos menores de 2 anos e ensino médio incompleto, sendo o oposto em relação aos homens, que utilizam medicamento para controle da dor. Em relação aos fatores físicos relacionados ao trabalho da pesca, as mulheres têm outra atividade de trabalho concomitante à da pesca, além de permanecerem por longas jornadas de trabalho na postura agachadas e deambulando com manuseio de carga e empurrando o pescado. Aos homens associaram-se longas jornadas na postura sentada. Conclusão: Salientou-se a gravidade do distúrbio musculoesquelético generalizado em 93,5% dessa comunidade de pescadores, sobressaindo as regiões lombar, o punho e a mão e a parte alta das costas em ambos os grupos, com ocorrência em mais de uma região corporal ao mesmo tempo. A dor musculoesquelética apresentou-se fortemente associada à presença do referido distúrbio em todas as regiões corporais. Demonstrou-se também a ausência de associação entre distúrbio musculoesquelético generalizado e ocupação, devido à alta prevalência desse distúrbio indiscriminadamente, bem como a caracterização da dessemelhança do perfil desses trabalhadores segundo a sua ocupação. É imprescindível vislumbrar o reconhecimento do agravo, a notificação e melhorar o entendimento dos fatores preditores, com observância da atenção à saúde e um trabalho digno para esse importante contingente de trabalhadores brasileiros. |