Andando junto: relacionalidade LGBTQ+ e o parentesco "passivo" na Companhia de Teatro Drama em Juazeiro da Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Varjão, João Victtor Gomes
Orientador(a): Silva, Moisés Vieira de Andrade Lino e
Banca de defesa: McCallum, Cecilia Anne, Lopes, Paulo Victor Leite, Silva, Moisés Vieira de Andrade Lino e
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33169
Resumo: Esta etnografia acompanha o andar junto na vida de pessoas LGBTQ+ da Companhia de Teatro Drama de Juazeiro da Bahia. O andar junto pode ser definido como uma conceituação nativa acerca de uma relacionalidade particular acontecendo entre pessoas LGBTQ+. A Companhia Drama se mostrou um espaço privilegiado para traçar a construção de relacionalidade LGBTQ+ no interior nordestino, tornando-se o lócus da pesquisa. Para realização da etnografia, tive contato intenso com o grupo no primeiro semestre de 2020, a partir da observação participante e de conversas “informais”. Nesse universo, dei ênfase à vida de quatro membros da companhia que se autodenominam “irmãs”, marcando a existência de um parentesco particular acontecendo em suas práticas cotidianas: a irmandade “passiva”. Operei analiticamente de duas formas: traçando as relações "fora" e "dentro" da irmandade, tendo em vista como as irmãs relacionam-se entre si e com outras pessoas. Acompanhando esse parentesco seu “interior”, observei como essas irmãs têm suas vidas imbricadas, sobretudo, a partir do conflito ligado ao relacionamento de umas das irmãs, Roberto, implicando em questões de confiança, traição e moralidade. Por conta desse problema, as irmãs passaram por importantes discussões, em que a “passividade” estava em jogo. A partir das relações “externas” desse parentesco, observei um complexo embaralhamento entre a “rua” e a “casa” e mediações relacionais por meio de dinheiro, bebidas alcoólicas e algumas “drogas” que eram compartilhadas enquanto “substâncias” do parentesco, sobretudo, a partir das festas (os reggaes). O “andar junto” é, portanto, uma relacionalidade que tem a ver com aproximações da vida de pessoas dissidentes em gênero, sexualidade e racialidade, ou seja, pessoas que em alguma medida compartilham uma “marginalidade”. Essas vidas se atravessam e se mutualizam, possibilitando de laços de amizade, solidariedade e intimidade, dando abertura para construção de relações de parentesco. Nesse sentido, o trabalho alinha-se aos estudos do “novo parentesco”, dando ênfase a conceituações nativas e prática locais do parentesco.