Zonas de tensão: o arranjo extensionista como prática de ensino para outras formas do ofício em arquitetura e urbanismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Carneiro, Daniel Marostegan e lattes
Orientador(a): Souza, Angela Maria Gordilho lattes
Banca de defesa: Andrade, Liza Maria Souza de lattes, Souza, Angela Maria Gordilho lattes, Lopes, João Marcos de Almeida lattes, Fernandes, Ana Maria lattes, Velame, Fabio Macedo lattes, Carvalho, Caio Santo Amore de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) 
Departamento: Faculdade de Arquitetura
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36061
Resumo: Esta tese tem como ponto de partida a constatação do distanciamento existente entre as práticas de ensino, majoritariamente realizadas nas escolas de arquitetura e urbanismo, e as diversas realidades populares coexistentes no país. Tal distanciamento é aqui entendido como parte signifi cativa de um sistema mais amplo, que tem no ensino algumas de suas engrenagens que atuam na conformação de um campo de atuação elitizado, que se desenvolve a despeito das desigualdades que caracterizam historicamente a sociedade e as cidades brasileiras. Esse entendimento orienta o escrutínio de perspectivas de aproximação entre o ensino de arquitetura e urbanismo e as realidades populares, na intencionalidade de complexificá-lo, através da multiplicidade de questões que emanam dessa aproximação. O campo da pesquisa se configurou como um conjunto de iniciativas de extensão e ensino, que confluíram nas interações projetivas que envolveram professoras e estudantes da FAUFBA, e moradores e suas casas autoconstruídas no bairro popular da Gamboa de Baixo, em Salvador-BA. As interações analisadas ocorreram através de ciclos de diferentes intensidades, tendo sua maior concentração nos anos de 2018 e 2019. Este conjunto de iniciativas de interação entre universidade e comunidade, nos levou a conceituar o Arranjo Extensionista, como uma articulação entre diferentes possibilidades disponíveis nas estruturas universitárias, envolvendo formas adaptáveis de lidar, por um lado, com as assincronias temporais existentes entre os processos comunitários e os processos acadêmicos, e por outro, com as lacunas e limitações características de cada iniciativa universitária envolvida no arranjo. A análise dos indícios e aprendizados que afloraram nas interações com a Gamboa, nos levou a observar as dimensões da política, da cultura e da tecnologia como chaves de leitura fundamentais para a compreensão das mazelas do ensino, que se mostraram diretamente conectadas ao afastamento existente entre o ensino e as realidades populares. A observação dos dados sobre o prisma destas três dimensões, explicitou que os aprendizados com que interagimos eram bastante distintos daqueles com que as(os) estudantes estavam mais acostumados nos ambientes de formação. Esses diferentes aprendizados compõem um matiz de tensionamentos, gerando o que entendemos ser as zonas de tensão que convivem no ensino de arquitetura e urbanismo. A interação com a realidade da Gamboa de Baixo nos informou sobre outras formas de ensinar e aprender, que extrapolam os espaços das salas de aula e os agentes universitários, permitindo a abordagem de uma variedade de outros temas e questões que enriqueceram as atividades de ensino pesquisadas, ao mesmo tempo que indicaram a necessidade de superação de formas de pensar estruturadas institucionalmente ao longo de décadas. A partir da experiência da Gamboa, utilizando metodologias de prototipagem e experimentação que se baseiam nos princípios do código aberto, destacamos caminhos e apontamentos para a maior aproximação entre o ensino e as realidades populares, através de práticas de ensino que apontam outras formas do ofício para arquitetas(os) e urbanistas.