Práticas decoloniais no Ensino Superior: entre teorias e uma proposição no contexto da Anatomia Humana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Pinto, Camila Rodrigues lattes
Orientador(a): Ribeiro, Gabriel lattes
Banca de defesa: Ribeiro, Gabriel lattes, Almeida Filho, Naomar Monteiro de lattes, Ramos, Luana dos Anjos lattes, Carmo, Maria Beatriz Barreto do lattes, Barzano, Marco Antonio Leandro lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares Sobre a Universidade (PPGEISU) 
Departamento: Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos - IHAC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40792
Resumo: O presente estudo teve por objetivo a elaboração de uma proposta decolonial de ensino aplicada ao componente curricular Anatomia Humana. Para o alcançar essa meta, identificamos a necessidade de mapear práticas decoloniais de ensino no âmbito da educação superior e efetuar uma análise crítica sobre a influência histórica da colonialidade no desenvolvimento da anatomia humana. Nosso percurso metodológico foi baseado em uma abordagem de natureza qualitativa e de caráter exploratório e descritivo, sendo desenvolvido em três etapas: uma revisão integrativa da literatura sobre práticas decoloniais de ensino na educação superior, um ensaio teórico sobre a abordagem decolonial no ensino de Anatomia Humana e a elaboração de uma proposta de ensino a partir das discussões teóricas realizadas anteriormente. Os resultados da identificação e análise das práticas decoloniais nos possibilitaram agrupar as metodologias de ensino em duas categorias, a primeira caracterizada pelo uso de recursos textuais, como escritas coletivas, diários reflexivos e utilização de textos para subsidiar discussões e a construção de materiais didáticos, e a segunda, representada pelo uso de ferramentas audiovisuais, como videoinstalações, filmes, psicodrama e museus virtuais. Essas práticas fomentaram o protagonismo discente, a valorização de saberes e conhecimentos, por vezes marginalizados, como os carregados pelas/os envolvidas/os e os referentes a outras comunidades, além da abordagem das relações étnico-raciais e da intersecção entre raça, gêneros e classe. Entretanto, desafios como resistências pessoais e institucionais, bem como a escassa bibliografia de outras matrizes ainda são fatores limitantes para a aplicação dessas práticas. Por outro lado, ao investigarmos as heranças coloniais na Anatomia Humana, discutimos a instrumentalização da anatomia para legitimar desigualdades sociais entre os séculos XVIII e XX, por meio de práticas científicas e pseudocientíficas, o tráfico e o roubo de corpos, o emprego da eugenia para justificar as hierarquizações baseadas no racismo científico e o determinismo biológico. Perante este cenário, apresentamos estratégias para desafiar elementos deste passado, ainda presentes no ensino de Anatomia Humana, como a incorporação de saberes ancestrais e diversos, a reflexão crítica sobre o conhecimento científico e a utilização de materiais que subvertam os estereótipos ocidentais e que representam a diversidade humana. A partir destas discussões, elaboramos uma proposta decolonial de ensino, materializada em uma sequência didática cujo tema central é a pluralidade dos corpos humanos. A sequência é constituída por atividades que incentivam o protagonismo e a reflexão crítica das/os discentes sobre a diversidade de corpos, questões de gêneros, raça e classe, e as práticas anatômicas. Dessa forma, este estudo propõe alguma descontinuidade com racionalidade eurocêntrica, promovendo um ensino mais inclusivo e capaz de valorizar a diversidade epistemológica e de sujeitos, com vistas à criação de um ambiente educacional mais justo e representativo.