A REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL NO PORTUGUÊS DOS TONGAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: JESUS, GRACIELLE DE BARROS lattes
Orientador(a): RAMACCIOTTI, DANTE EUSTACHIO LUCCHESI
Banca de defesa: RAMACCIOTTI, DANTE EUSTACHIO LUCCHESI, SILVA, MARIA CRISTINA VIEIRA DE FIGUEIREDO, PINTO, CARLOS FELIPE DA CONCEICAO, SANTOS, LANUZA LIMA, MENDES, ELISANGELA DOS PASSOS
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37516
Resumo: As línguas formadas através do contato massivo são objeto de inúmeros estudos nos mais diversos âmbitos linguísticos, todos visando à compreensão da influência do contato e das vicissitudes socio-históricas que envolveram a formação dessas variedades para as suas características estruturais. Nessa perspectiva, o objetivo desta tese é realizar a descrição e a análise do funcionamento do Parâmetro do Sujeito Nulo no português dos Tongas, variedade de língua portuguesa falada pelos descendentes de africanos continentais contratados para trabalhar nas roças de cacau e café na ilha de São Tomé, no decorrer do século XX. A análise, realizada a partir do aporte teórico da Sociolinguística Paramétrica (TARALLO; KATO, 1989, 2007), da teoria de Princípios e Parâmetros (CHOMSKY, 1981) e da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006[1968]; LABOV, 2008[1972]), tem como corpus uma amostra de fala composta por 18 entrevistas realizadas na roça de Monte Café, estando os entrevistados estratificados em sexo, idade e escolaridade. A análise tomou por base estudos anteriores responsáveis por apresentar o feixe de propriedades linguísticas que, geralmente, estão associadas à mudança na marcação do Parâmetro do Sujeito Nulo, sobretudo os de Duarte (1995, 2012, 2018, 2019), Lucchesi (2009), Kapetula (2016), Oliveira (2016), dentre outros. Depois de identificadas, as ocorrências obtidas foram codificadas e submetidas ao programa de regras variáveis Goldvarb X, que forneceu os percentuais e pesos relativos para as variáveis selecionadas. Foi encontrado um total de 980 dados na amostra de fala analisada, sendo 50,2% de sujeitos expressos foneticamente e 49,8% de sujeitos nulos. Esses números são bastante significativos, no que diz respeito ao comportamento do fenômeno na comunidade de fala dos Tongas: embora seja inferior ao obtido em outras variedades de língua portuguesa, como o português brasileiro e o português afro-brasileiro, o alto índice de sujeitos expressos aponta para uma provável preferência pelo sujeito realizado, que pode se acentuar em alguns anos. Por outro lado, os resultados, muito próximos aos encontrados para o português moçambicano, mostram que, em comparação ao português brasileiro e ao português afro-brasileiro, ainda há grande influência do português europeu sobre as variedades africanas de língua portuguesa. As variáveis linguísticas selecionadas como estatisticamente relevantes foram Referência anterior ao sujeito, com a preferência pelos sujeitos foneticamente realizados em contextos de primeira menção (peso relativo 0.717), Caracterização semântica do sujeito, sendo o traço [+ animado/ -humano] um favorecedor do sujeito expresso (peso relativo 0.597), Presença de constituinte à esquerda do verbo, cujos resultados apresentaram os contextos sem constituintes à esquerda do verbo como favorecedores do sujeito expresso (peso relativo 0.535), e Desinência número-pessoal do verbo, sendo o padrão [+ pessoa/ +plural] favorecedor do sujeito expresso (peso relativo 0.648). A única variável social selecionada foi a Faixa etária, sendo os informantes mais jovens os que mais utilizam o sujeito expresso (peso relativo 0.602).