Milhas e milhas distante... Um estudo sobre a saúde do trabalhador militar embarcado em navios operativos da marinha do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ramos, Ana Carolina Nascimento de Albuquerque
Orientador(a): Pena, Paulo Gilvane Lopes
Banca de defesa: Silva, Marlene, Jacobina, Ronaldo Ribeiro
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Medicina da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31706
Resumo: Esta pesquisa, de caráter qualitativo, foi realizada com o objetivo de compreender o processo de trabalho dos militares que servem a bordo de navios operativos da Marinha do Brasil e seus impactos na saúde e na vida social. A abordagem metodológica seguiu duas etapas: a realização de entrevistas e a pesquisa documental. Em relação aos impactos na saúde, dentre as dificuldades apresentadas as que mais se destacaram foram a cinetose e o mal do desembarque devido às condições do mar, os riscos de acidentes, a habitabilidade do navio, a ausência da família e a rotina cansativa. Os militares embarcados sinalizaram também como pontos negativos relacionados à saúde, o ambiente insalubre, as atividades de risco, a inalação de gases dos combustíveis, o contato com solventes, os ruídos do navio, o ambiente tenso e o transporte de pesos. Em relação ao acometimento de doenças, dos 15 militares entrevistados 2 relataram ter perda de audição; 2, hérnias de disco; e 2, distúrbios musculoesqueléticos. Além desse grupo, somente em um navio identificaram-se quatro militares que precisaram se afastar das atividades operativas por comprometimento da saúde mental, destacando-se os episódios depressivos e os transtornos mentais e comportamentais devido ao uso do álcool. A pesquisa confirmou importantes impactos na vida social dos militares, caracterizados principalmente pelas ausências em eventos sociais domésticos, simbolicamente importantes, e pela escassa comunicação com o meio social mais amplo, que gera dificuldade em manter amigos de infância ou mesmo a aproximação com pessoas que não fazem parte do ambiente de Marinha; isto se deve à intensa rotina de trabalho em uma instituição totalizante. O estudo apontou que esse fato pode trazer prejuízos, como sentimentos de perda da identidade social, isolamento e inutilidade, num período sensível de suas vidas - a aposentadoria - quando esses sujeitos retornam à convivência mais intensa com a família e com a sociedade mais ampla. O presente estudo não pretende esgotar essa discussão, mas apenas evidenciar a importância dos assuntos nele apresentados e discutidos. Espera-se que as questões aqui levantadas ensejem novos esforços científicos sobre a temática, o que poderá contribuir para o planejamento, a execução e o aprimoramento de projetos voltados ao pessoal embarcado.