Fatores de risco psicossociais do trabalho e autoeficácia ocupacional em trabalhadores da indústria: refinamento conceitual, adaptação de medidas e teste de mediação.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Luna, André de Figueiredo
Orientador(a): Gondim, Sonia Maria Guedes
Banca de defesa: Peixoto, Adriano de Lemos, Bendassoli, Pedro Fernando
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós Graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29409
Resumo: A incapacidade para o trabalho tem crescido mundialmente. A perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade de trabalhar tem trazido impactos econômicos para sociedade e empresas. É crescente o interesse pelos determinantes da incapacidade que extrapolam as explicações baseadas nos impactos diretos de doenças, passando a incluir fatores que influenciam a possibilidade do trabalhador ser ativo e funcional na vida laboral. Nesse contexto, a gestão dos afastamentos do trabalho e o sucesso do processo de retorno ao trabalho ganharam maior importância, complementando o foco do tratamento biomédico com abordagens psicossociais no ambiente e nas interfaces do trabalho. Os fatores de risco psicossociais do trabalho (FRP) e recursos psicológicos individuais como a autoeficácia ocupacional que se manifesta diante de adversidades como o adoecimento (AEO) cresceram como campo de estudos e intervenção. A relação entre aspectos do ambiente psicossocial de trabalho e a percepção de AEO, no entanto, segue demandando modelos explicativos para esclarecer a relação entre os construtos e seus possíveis impactos sobre a percepção de saúde e as queixas de mal-estar físico e psicológico (MFP). Os estudos desenvolvidos nesta dissertação procuraram articular esses construtos a partir da adaptação e refinamento conceitual de suas medidas. Posteriormente analisou-se a mediação da AEO sobre a relação entre FRP e MFP num estudo de corte transversal. Foram conduzidos três estudos, apresentados separadamente no formato de artigos. O primeiro dedicou-se à adaptação e aos ajustes de uma versão do COPSOQ para uso no contexto industrial, tendo obtido bons índices de ajuste e boas propriedades psicométricas para a medida de 21 itens, distribuídos em três dimensões. O segundo estudo teve dois objetivos, adaptar uma medida de autoeficácia ocupacional a partir de medidas de autoeficácia para o retorno ao trabalho, propondo uma discussão conceitual e prático sobre a medida que expande o público-alvo ao incluir trabalhadores que não se afastaram ou não estão em processo de retorno ao trabalho, mas que podem vivenciar algum grau de desconforto relacionado à saúde (MFP). A medida de autoeficácia ocupacional (AEO) de 11 itens, distribuídos em três dimensões obteve bons índices de ajuste no teste confirmatório, apresentando também boas propriedades psicométricas. Os dois estudos incluíram amostras distintas de participantes predominantemente ou totalmente da indústria e seguiram procedimentos de validação e ajuste semântico, análises fatoriais exploratórias (AFE), avaliação de juízes com o público-alvo (trabalhadores operacionais da indústria), novas AFE e, por fim, análise fatorial confirmatória (AFC). O terceiro estudo, realizado com outra amostra do mesmo público-alvo, testou e encontrou evidências da mediação da AEO na explicação da relação entre FRP e MFP. A autoeficácia ocupacional, portanto, mostrou-se variávelimportante para entender como os fatores de risco psicossociais do trabalho podem vir acompanhados de percepção de mal estar físicso e psicológico. Foram também encontradas diferenças significativas nos escores dos construtos estudados em função do sexo, nível educacional, cargo (operacional, administrativo, e de gestão), situação de emprego e vivência do ambiente de trabalho na empresa (indivíduos com contrato ativo versus contratos finalizados ou recém-iniciados). Os três estudos contribuíram para a discussão e o alinhamento conceitual dos construtos de FRP e AEO, apontando também para a importância de se criarem medidas adaptadas ao contexto. Do ponto de vista prático, os estudos oferecem diretrizes para realizar intervenções organizacionais e modificar o contexto psicossocial do trabalho em uma perspectiva preventiva em relação à redução da capacidade para o trabalho.