Controle estrutural e caracterização dos depósitos de alto teor de hematita hidrotermal em domínios transpressionais do cinturão de dobramentos e cavalgamentos da Chapada Diamantina Oriental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Cruz, Vanderlúcia dos Anjos
Orientador(a): Cruz, Simone Cerqueira Pereira
Banca de defesa: Cruz, Simone Cerqueira Pereira, Silva, Rosaline Cristina Figueiredo e, Gomes, Luiz César Corrêa
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Geologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25917
Resumo: Os depósitos de ferro estudados estão localizados no município de Ibicoara, porção sul da Serra do Sincorá, centro oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, estão inseridos no setor epidérmico do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Chapada Diamantina, especificamente no domínio transpressional de Ibicoara, com interação de dois campos de tensão principal máximos, orientados segundo WSW-ENE e NW-SE, respectivamente, de idade Edicariana. O objetivo principal deste trabalho é contribuir com o entendimento dos processos e controles na formação de domínios com alto teor em ferro encaixados em sequências metavulcanossedimentares estéreis. A principal motivação deste trabalho está relacionada com o fato de que depósitos representam importantes fontes de ferro em todo o mundo e que as novas descobertas de depósitos desse tipo na Bahia abrem uma promissora fronteira para a exploração mineral no Estado. Visando alcançar os objetivos propostos, foram realizados estudos bibliográficos, trabalhos de campo, petrografia, litogeoquímica e análise química em hematitas por LA-ICPMS. Arenito quartzoso e arcoseano da Formação Tombador são as rochas encaixante de domínios hematíticos na área. Representa nova descoberta de depósitos hidrotermais de alto teor (high grade) de ferro na Bahia, o que abre promissora fronteira para a exploração mineral no Estado. Três fases deformacionais são identificadas. A primeira (D1) desenvolveu dobras do tipo kink, com chevron subordinada, zonas de cisalhamento relacionadas a deslizamento flexural com estruturas S/C, lineação de estiramento mineral (Lx1), slickenline e slickensides. A segunda fase (D2) nucleou zonas de cisalhamentos destrais e sinistrais, reversas de alto ângulo, com orientação geral segundo NNW-SSE e NW-SE, respectivamente, fraturas de tração de alto ângulo com orientação ENE-WSW. Na terceira fase deformacional (D3) tem-se o desenvolvimento de zonas de cisalhamento destrais e sinistrais com orientação segundo ENE-WSW e NE-SW. Os domínios hematitizados são caracterizados como laminar, maciço em bolsões, stringer, maciço venular, stockwork e brechóide. Os três primeiros são fortemente controlados pela estratificação da rocha encaixante e pela foliação S0//S2. Os domínios maciços são os que possuem os mais altos teores de Fe2O3, atingindo 98%, e os mais baixos teores de Al2O3 e P2O5. Nesses domínios há correlação negativa entre Fe2O3 e SiO2, Zr, Th, Sr, Nb, Hf, e Ba e positiva desse óxido com Zn, V, U, Cu, Co, e com o somatório de Elementos Terras Raras (ETR). Quando normalizados pelo PostArchean Australian Shale (PAAS), a distribuição dos ETR mostra, em geral, anomalias negativas de Eu, além de um fraco enriquecimento de Elementos Terras Raras leves (ETRL) em relação aos Elementos Terras Raras pesados (ETRP). Os elevados teores em Fe2O3 e os padrões de ETR assemelham-se com os minérios de alto teor dos depósitos N5E da Província Carajás e do depósito Pau Branco do Quadrilátero Ferrífero e diferem significativamente de Formações Ferríferas Bandadas (BIF) de diversas regiões do mundo. O estudo da sucessão paragenética demonstra a existência de três grupos de hematita. Os grupos 1 e 2 relacionam-se com a formação, principalmente, dos domínios laminares e maciços em bolsões controlados pelas estratificação da rocha e pela foliação S0//S2. A composição das hematitas aponta para a herança/influência da rocha encaixante. O terceiro grupo relaciona-se com os domínios maciços venulares. Para os grupos 1, 2 e 3 são identificadas, respectivamente, 3, 4 e 2 gerações de hematita, sendo que as hematitas da primeira geração são as que possuem a menor granulação. Determinações por LA-ICPMS mostram que os elementos traço nas hematitas têm picos de U, Pb e Ni. Para os ETRs tem-se padrões horizontais para a primeira geração de hematitas dos grupos 1 e 2 e enriquecimento em ETRP em relação aos ETRL para a geração mais tardia dos grupos 1 e 2 e as gerações do grupo 3. A alteração hematítica, hidrotermal, possui controle estrutural associado com zonas de cisalhamento da fase D2, nas quais se desenvolvem setores dilatacionais com formação de veios. Além disso, tem-se o controle litológico relacionado com a porosidade e a permeabilidade da rocha, bem como pela presença de estruturas sedimentares que favorecem à difusão do fluido hidrotermal a partir das zonas de cisalhamento. A formação dos domínios de hematita envolveu processos de substituição das encaixantes e precipitação direta do fluido hidrotermal, preliminarmente interpretado como bacinal. O mesmo provavelmente lixiviou componentes químicos das unidades metassedimentares do Supergrupo Espinhaço e de diques que ocorreu regionalmente, se movimentando durante as fases deformacionais que inverteram o Aulacógeno do Paramirim.