Aparência Cangaceira: um estudo sobre a aparição como aspecto de poder

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Araujo, Germana
Orientador(a): Silveira, Renato
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/11944
Resumo: A presente pesquisa, intitulada Aparência Cangaceira: um estudo sobre a aparição como aspecto de poder, visa, por intermédio de uma abordagem multidisciplinar, a concatenar fundamentos de campos do conhecimento disciplinar – como a Sociologia, a História, a Filosofia e a Antropologia – com saberes de caráter não-disciplinar – tais como depoimentos, vivências e fotografia – para propiciar o estudo da configuração da imagem pública do indivíduo cangaceiro com a proposição de inserir-se no jogo de poder imanente da cultura do cenário. Para tanto, este estudo foi desenvolvido por meio da leitura bibliográfica; da pesquisa em jornais do acervo dos Institutos Históricos e Geográficos dos Estados de Sergipe, Ceará e Bahia; e da convivência com pessoas que estiveram no Cangaço ou passaram a conviver com o tema por intermédio de estudos e das artes. A partir da observação descritiva e das concepções da Sociologia que favoreceram para um modo flexível do pensar – que tanto entende o indivíduo como sendo fruto de uma complexa rede de relações em um contexto sociocultural, quanto considera os aspectos da individualidade na existência coletiva –, compreendeu-se que o cangaceiro, com o intuito de tornar seu papel convincente perante outros atores do cenário, passou a elaborar com autenticidade – a partir do final dos anos de 1920 – um estilo próprio de vestir-se e comportar-se, provocando autoridade diante de sua aparência exuberante. O estilo do cangaceiro apresenta sinais da influência simbólica de corporações, tais como o Exército e a Igreja, mas, também, deixa evidente o quanto as escolhas sobre o uso de determinados objetos fazem parte da íntima sensação de prazer e da luta pela distinção dentro e fora do grupo. Neste sentido, o cangaceiro cambia de primitivo e selvagem para ser considerado um indivíduo criativo, propositivo e consciente de suas escolhas, diferentemente de como ele é compreendido pela bibliografia regionalista e tradicionalmente cangaceirista. Conclui-se que Lampião tinha noção de que era um jogador que gerava resultados em face da concorrência e que exercia práticas criativas para ter a configuração da aparência cangaceira como parte dos mecanismos de luta, tornando-se um protagonista diferenciado da história do Cangaço.