Brodagem, moral e músculo: a malhação de rua em Salvador.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Moreira, Lucas Maroto lattes
Orientador(a): Silva, Moisés Lino e lattes
Banca de defesa: Silva, Moisés Lino e lattes, Sanabria, Guillermo Vega lattes, Pisani, Mariane da Silva lattes, Souza, Rolf Malungo Ribeiro de lattes, Toledo, Luiz Henrique de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38261
Resumo: Esta etnografia descreve e analisa as relações entre masculinidades, espaço urbano, corpo e moralidade junto a homens jovens e adultos, moradores de um bairro popular da cidade de Salvador (BA). Os chamados “brothers” se reúnem assiduamente em um espaço público para praticar “malhação”, hipertrofia muscular com o uso de equipamentos improvisados e auto-fabricados, e “calistenia” ou “treino street”, ginástica urbana baseada na recriação de movimentos da ginástica olímpica, do treino fitness, do breakdance e do le parkour. Os espaços públicos de treino físico tornam-se propícios à emergência de vínculos de sociabilidade quase exclusivamente masculinos e heterossexuais, acolhendo modalidades de socialização por meio das quais homens aprendem e incorporam técnicas esportivas de transformação da aparência corporal. Analisam-se e descrevem-se dinâmicas de gênero, sexualidade, classe social e raça que contribuem para compreensão de como os corpos são imaginados, fabricados e sexualizados nesses espaços de treino. Embasada em extenso trabalho de campo, entrevistas, uso de fotografias, desenhos e do engajamento prático do pesquisador nas atividades corporais, a presente etnografia evidencia: 1) a demarcação de um espaço de treino que é transformado em um território de sociabilidade masculina intergeracional; 2) o protagonismo dado, pelos próprios frequentadores, aos jovens que transformam a “malhação” e/ou o “treino street” em um “estilo de vida”; 3) as transformações da estética corporal e como atuam na criação de vínculos com outros homens, os brothers de treino, como parte da adesão a um life style fitness; 4) o surgimento de concepções morais marcadas pela rotina de treinos focados, disciplina dietética e noções de sucesso pessoal, distinção social e prestígio; 5) a agência do sujeito em busca de uma resposta física e subjetiva dos efeitos do estigma territorial, da violência, do racismo e da ausência de trabalho formal, que caracterizam uma parcela das periferias urbanas. No cruzamento dessas questões, encontram-se a aprendizagem de técnicas corporais e de uma linguagem comum sobre formas de “fabricação” do corpo e de uma performance viril, incorporadas por meio da conversa, da observação, do contato físico e da comunhão com valores que, fora do grupo, poderiam ser facilmente condenados como misóginos e homofóbicos.