Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Gomes, Mariana Andrade |
Orientador(a): |
Ribeiro, Maria de Fátima Maia |
Banca de defesa: |
França, Denise Carrascosa,
Alves, Alba Valéria Tinoco,
Santos, José Henrique Freitas |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Letras
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/30696
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Resumo: |
Não necessariamente engraçado, tampouco apenas entorpecedor, muito menos exposto de forma instintiva ou irracional, o riso pode ser compreendido e utilizado por/sob vários aspectos, mas nesta tese ele é lido em seu viés político-ideológico. Sob esta perspectiva, a abordagem adotada pelo presente estudo interpreta o cômico em sua implicação e responsabilidade social, assim como preconiza Wole Soyinka (1988), ao defini-lo, também, enquanto recurso de conscientização e enfrentamento das estruturas de opressão. Complementarmente, o risível é discutido a partir de sua ambivalência, assentindo com as reflexões propostas por Bakhtin (1999), ao analisar como seu emprego pode implicar posicionamentos que defendem e/ou questionam determinados ideais. Para identificar e examinar as reivindicações ideológicas expressadas por meio da plataforma literária em Cabo Verde foram pontuadas, enquanto recursos teórico-metodológicos, considerações acerca dos legados de escritores atuantes no periódico Claridade (1936-1966) em suas proposições sobre a mestiçagem enquanto identidade nacional que, supostamente, promove a fusão das categorias sociais de raça, classe e gênero. A partir das rupturas e continuidades da herança claridosa, cuja produção tornou-se paradigmática no cenário literário do arquipélago, investiguei, através de um breve panorama de textos escritos por intelectuais na conjuntura das ilhas, no período concomitante e posterior à independência, como as questões relacionadas a classe, gênero e raça são trabalhadas por meio da utilização do riso de modo a verificar padrões, desvios e tendências. Neste sentido, as leituras críticas das quatro obras: o conto “O Visto” (2010), de Ondina Ferreira, a crônica “Markito com K” (1987), de Filinto Elísio Silva, a narrativa juvenil Cinco balas contra a América (2008), de Jorge Araújo, e a narrativa longa O eleito do sol (1992), de Arménio Vieira, também confluem para averiguar a operacionalização da comicidade nessas narrativas como forma de complementar lacunas teóricas oriundas do arcabouço maioritariamente calcado em pesquisas e pesquisadoras(es) de/sobre a Europa e Ocidente (como as teorias de Linda Hutcheon (2000), Mikhail Bakhtin (1999) e Daniel Cottom (1989)). Embasado nessas ponderações, este trabalho investiga o uso do riso em três narrativas cabo-verdianas contemporâneas, O Meu Poeta ([1990],1992a) e A Morte do Meu Poeta (1998b), de Germano Almeida, e Biografia do Língua (2015), de Mário Lúcio Sousa, para problematizar como esses livros utilizam a risibilidade no tratamento das demandas e categorizações acerca da raça, etnia, gênero e classe no contexto do país. Os dois escritores possuem grande projeção nacional e internacional, transitando em diversos espaços da vida artística e pública, mais notadamente, em suas atuações enquanto criadores literários e deputados eleitos. Dessa forma, espera-se poder contribuir para a bibliografia referente às investigações sobre a(s) literatura(s) produzida(s) em Cabo Verde, bem como para os estudos acerca do cômico nas escritas africanas em língua portuguesa. |