Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Souza, Simone Brandão |
Orientador(a): |
Colling, Leandro |
Banca de defesa: |
Irineu, Bruna Andrade,
Almeida, Magali da Silva,
Duarte, Marco José de Oliveira,
Thürler, Djalma |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Humanidades, Artes e Ciências
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa Multidisciplinar de Pós Graduação em Cultura e Sociedade
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29951
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Resumo: |
Esta tese objetiva compreender de que forma se dá o exercício da sexualidade e a construção e a afirmação das identidades de gênero, sexuais e étnico-raciais entre mulheres negras que se relacionam afetivamente e sexualmente com mulheres na prisão, a partir de pesquisa realizada no Conjunto Penal de Feira de Santana, unidade prisional do estado da Bahia. O Estudo, que utiliza a perspectiva interseccional, tem a proposta de evidenciar se, nas relações estabelecidas na prisão, estão manifestas, entre as mulheres em situação de encarceramento, a resistência e/ou a submissão à discriminações como racismo, sexismo e lesbofobia. Analisa de que forma a prisão, instituição punitiva racializada, estrutura-se historicamente enquanto mecanismo disciplinar e como operacionaliza, através de suas práticas normativas, gênero, raça e sexualidade. Aborda também o surgimento das prisões femininas e demonstra a forma como as construções sobre gênero, raça e sexualidade constituem a cultura prisional, subsidiando processos de normalização e controle das mulheres em situação de encarceramento. O estudo ainda realiza uma discussão conceitual e histórica da categoria "gênero" através de diferentes teóricas feministas, faz uma incursão na construção da lesbianidade, a partir de vertentes do pensamento lésbico contemporâneo; ainda como percurso teórico, aborda a teoria feminista negra e se apropria da perspectiva interseccional. Do ponto de vista metodológico, utiliza a etnopesquisa implicada de forma a articular implicações histórico-existenciais e estruturo-profissionais, que trazem para esta pesquisa uma perspectiva distinta, com sentidos entrelaçados e atravessada pelas identidades e posicionamentos da pesquisadora. Utiliza, como instrumentos metodológicos de investigação, entrevistas narrativas, observação participante, oficinas temáticas e produção áudio-visual de vídeo, Apresenta breve perfil das mulheres negras em situação de encarceramento que se relacionam afetiva e sexualmente com mulheres, e demonstra que, a despeito de as práticas e discursos da prisão reiterarem a heteronorma, esta é transgredida e desestabilizada por muitas mulheres no cárcere, através da transposição dos limites de gênero e sexualidade a partir da reinvenção do próprio corpo e da sexualidade ao vivenciarem novas expressões da sexualidade com as relações afetivas e sexuais entre mulheres ou relações lésbicas. O estudo conclui que as identidades de gênero são desestabilizadas pelas mulheres na prisão através de uma explosão de categorias que elas performatizam, rasurando as construções binárias de gênero e inventando novas masculinidades femininas. Estas novas (re)construções de gêneros e sexualidades resultam na produção de diversos arranjos identitários que resistem à normatividade, como a "lady", o "viado", a "lailou", o "cabra safado", a "mulher meio homem", a "lésbica" e a "entendida". A pesquisa confirma que a identidade lésbica ou a relação afetiva e sexual de mulheres em situação de encarceramentos é algo fluído, temporal e processual, construído a partir do encarceramento e apesar dele, sendo possibilidade de libertação da heterossexualidade compulsória, mesmo que efemeramente, e propiciada pelo afastamento da família e demais instituições às quais pertenciam, vigilantes do cumprimento das normas de gênero e sexualidade. Por fim, confirma a sororidade ou o "continuum lésbico", construído entre as mulheres na prisão, como rota de fuga e deslocamento da heteronorma. |