Comportamento da Linha de Costa nos Últimos 50 Anos e o Risco de Prejuízos Econômicos na Face Oceânica na Ilha de Itaparica – Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Nascimento, Lucas do
Orientador(a): Dominguez , José Maria Landim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Geologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/21498
Resumo: A ilha de Itaparica, ao longo da História, sempre apresentou uma grande vocação para o turismo. Praias belíssimas com ambientes calmos e aprazíveis que encantaram até Imperadores durante o período colonial. Porém, a intensa ocupação, a partir da metade do século XX, deixou impactos importantes nos ambientes costeiros da ilha. A realização de um estudo em torno das tendências do comportamento da linha de costa nos últimos 50 anos, avaliando o risco de prejuízos econômicos em função da ocupação e da sua sensibilidade à erosão foi o objetivo do presente trabalho. Os métodos utilizados foram: (1) visitas a campo para coleta de dados, registro fotográfico; (2) análise de fotografias e imagens multitemporais através de ferramentas de GIS, para determinar as mudanças da linha de costa nos últimos 50 anos; (3) construção de um modelo de clima de ondas, através de diagramas de refração; (4) mapeamento da área ocupada por construções fixas em uma faixa litorânea de 100m; (5) avaliação de risco de prejuízos econômicos através do cruzamento direto dos resultados da ocupação e da sensibilidade à erosão. A análise do comportamento da linha de costa para os últimos 50 anos identificou trechos com tendência de erosão em 17% da linha de costa, 24% com tendência de progradação e 59% em equilíbrio. As taxas de recuo e de avanço da linha de costa, apresentadas no presente trabalho, sugerem para muitos trechos a continuidade desses processos pelo menos para escala de médio prazo. Os diagramas de refração mostraram a existência de focos de convergência dos raios-de-onda em trechos com tendência de erosão e divergências nos raios-de-onda em trechos com tendência de progradação ou equilíbrio da linha de costa. Nesse sentido, a modelagem de onda deixou evidente que o modo com que as ondas atingem a linha de costa e a distribuição de sua energia ao longo dos diferentes trechos costeiros representa um importante fator modelador da linha de costa ao longo do tempo. A variabilidade das características morfológicas dos recifes em franja da ilha de Itaparica exerce um importante papel na morfologia da linha de costa em sua retaguarda, principalmente em condições modais de onda. Apesar da proteção exercida pelos recifes de coral é possível que, durante eventos de tempestade, as ondas vindas de SE e SSE possam transpor os recifes e atingir a linha de costa em sua retaguarda provocando erosão. Nesse caso, as modificações observadas na linha de costa protegida pelos recifes da ilha de Itaparica podem ser também o resultado de eventos extremos. A ocupação na linha de costa oceânica da ilha de Itaparica ocorreu em função da implantação de equipamentos de transporte como a ponte do Funil, as rodovias que cortam a ilha e, sobretudo, o Terminal Marítimo de Bom Despacho. A falta de planejamento e a desordem no processo de ocupação resultaram na saturação do seu espaço costeiro. Atualmente 53% da área dos primeiros cem metros de faixa costeira encontram-se ocupados por construções fixas e 28% de toda a sua extensão apresenta algum tipo de obra de engenharia. Os resultados admitem concluir que as variações na morfologia da linha de costa oceânica da ilha de Itaparica parecem estar condicionadas a um somatório de fatores que, agindo em conjunto, determinam o seu comportamento. Nesse sentido, podemos citar: (1) os padrões de incidência de onda, através de focos de convergência ou divergências dos raios-de-onda que atingem a costa gerando zonas de acumulação ou de erosão em diferentes trechos costeiros; (2) diferenças apresentadas na morfologia dos recifes de coral em franja; (3) a atuação de correntes de maré; (4) a dinâmica de delta de maré vazante; (5) a falta de suprimento para a costa, tanto pela ausência de grandes rios como pela baixa produtividade sedimentar dos recifes de coral e, (6) a ação antrópica promovendo ocupação intensa e desordenada da linha de costa. A avaliação de risco de prejuízos econômicos em função da ocupação da linha de costa e da sensibilidade à erosão mostrou que 65% apresentam risco baixo, 26% risco médio e apenas 9% risco alto de prejuízos econômicos. Diante dos resultados, torna-se importante a admissão de faixas de recuo livres de construções fixas para que se tenha a segurança de que, caso mudanças no comportamento da linha de costa aconteçam, novos prejuízos possam ser evitados no futuro. A admissão de estratégias restritivas para a proteção da faixa costeira torna-se ainda mais necessária diante das expectativas da construção da ponte ligando Salvador a ilha de Itaparica. Isso porque, a especulação imobiliária pode levar a uma exacerbada proliferação de novos empreendimentos nos espaços costeiros, ampliando ainda mais os riscos face às intempéries naturais. Os resultados aqui apresentados fornecem importantes indicações para administração pública no que se refere ao ordenamento do espaço costeiro da ilha de Itaparica