Experiências culturais de alunos surdos em contextos socioeducacionais: o que é revelado?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Bastos, Edinalma Rosa Oliveira
Orientador(a): Miranda, Theresinha Guimarães
Banca de defesa: Pimentel, Álamo, Rosa, Dora Leal, Oliveira, Ivanilde Apoluceno de, Oliveira, Thereza Cristina Bastos Costa de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18165
Resumo: Nesta tese, busquei entender como ocorre a construção social de experiências culturais, por alunos surdos que atuam em favor da chamada cultura surda. O termo experiências culturais reflete a visão da pesquisadora, foi utilizado para problematizar a expressão cultura surda e mostrar aspectos que ganham significado pelos alunos, no âmbito da cultura. Os construtos desta tese estão apoiados na concepção semiótica de cultura apresentada por Geertz (2008), sendo vista como um ato criativo, uma teia de significados, tecida rotineiramente. Entrecruzei essa concepção com os estudos pós-coloniais (BHABHA, 2007; HALL, 2003, 2006) para sublinhar a força dos hibridismos presentes nos arranjos culturais, na contemporaneidade, interpretando, assim, que as pessoas surdas elaboram as suas construções pela perspectiva da tradução cultural. A essas asserções foram adicionadas reflexões sobre a surdez, sobre o tempo atual, que impõe novas formas nas relações com o outro e discussões alusivas às concepções de cultura (ADAM KUPER, 2002; COELHO, 2008; EAGLETON, 2008). Em relação aos caminhos metodológicos, a pesquisa seguiu o estudo de caso etnográfico. Foi utilizada a observação participante acompanhada da técnica do grupo focal que ajudou a compilar as informações, no processo de coleta dos dados. O campo de pesquisa foi um espaço de Atendimento Educacional Especializado, do qual foram selecionados treze (13) alunos surdos. Os dados foram analisados com base na técnica da análise de conteúdo (BARDIN, 2009) e mostraram que esses alunos organizavam-se em grupo, com o propósito de se autorizarem como grupo cultural. Nesse processo, absolutizavam o uso da língua de sinais e supervalorizavam as experiências do olhar , iniciativas transformadas em estratégias de legitimação das experiências que eles inseriam no campo da cultura. Também engendravam um processo de territorialização de um contexto socioeducacional, transformando-o em um espaço de atuação política e identitária. As evidências também mostraram que todo o processo, apesar de trazer conquistas no campo socioeducaional, autonomia e reconhecimento para os alunos, repercutia negativamente na relação entre os pares, porque os alunos reproduziam, entre si, atitudes colonialistas, vistas no contexto histórico, em relação à surdez e das quais buscavam se libertar. Nessa direção, percebiam-se colonizados pelo ouvinte e ressentidos diante dos acontecimentos históricos em relação à surdez, direcionando, por vezes, a esse segmento atitudes de revide. Os resultados apontaram, ainda, para a prevalência de uma atuação cultural inserida em uma dimensão essencialista e rígida de cultura. A relevância da pesquisa reside no fato de problematizar essa visão e destacar as experiências culturais como construtos sociais, povoados por hibridismos, compreensão vinculada à ideia de que a escola não pode eximir-se de problematizar repertórios culturais pré-fixados, sob pena de tornar opaco o movimento do cotidiano cultural das pessoas surdas.