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Bonja: Os processos de produção do patrimônio cultural e a apropriação do lugar na Ilha de Bom Jesus dos Passos, Ba

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Passos, Antonio Marcos de Oliveira
Orientador(a): Muller, Cintia Beatriz
Banca de defesa: Mello, Marcelo Moura, Carvalho, Ana Paula Comin de, Eckert, Cornelia, Magnani, José Guilherme Cantor, Muller, Cintia Beatriz
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33619
Resumo: Por meio desta etnografia, analiso processos de produção do patrimônio cultural na ilha de Bom Jesus dos Passos – Bonja (Salvador/BA) a partir do embate entre eventos culturais locais e um grande projeto de investimento municipal na orla marítima da ilha. Assim, ao se considerar o “patrimônio cultural” como categoria de pensamento, é possível investigar de forma polifônica os conflitos decorrentes entre habitantes e a Prefeitura dessa cidade, caracterizados por táticas, estratégias e rebeldias locais. Esta etnografia propõe-se a descrever, associar, traduzir, representar e experenciar “cenário, atores e regras” naquele sítio e suas “Artes de Fazer e Ser”. A metodologia foi constituída em três etapas a saber: 1. Pesquisa documental em instituições da área da Salvaguarda do Patrimônio Cultural (Federal, Estadual e Privada), Cadastro de Imóveis (Municipal), Estatística Federal), Arquivo, Biblioteca e Meio Ambiente; 2. Mapeamento do Calendário de Eventos da Ilha e seus processos intensos durante 08 meses, o que resultou em uma visão sistêmica dos períodos, tempos de organização e execução daqueles acontecimentos, muitos deles centenários; e 3. Ação de “caminhar vivenciado” com, em e entre o lugar-lar, as coisas, os seres (materiais e imateriais) e a cosmologia daqueles que são habitantes dessa simultaneamente ilha-bairro e ilha-cidade situada na Salvador-insular. Esta investigação revela componentes que permitem refletir sobre os discursos desses agentes culturais, os quais compreendem o patrimônio cultural como “pontes” para continuar existindo e resistindo; as ações coletivas de salvaguarda que os ajudam suportar a invasão de seu lugar-lar por lógicas externas e que servem de base para as pessoas lutarem pela preservação de suas identidades; a imposição da Prefeitura e parceira privada de uma gentrificação baseada em certo tipo de classe, gosto e habitus social, dinâmica que estabelece historicamente descompassos socioeconômicos atrelados ao racismo estrutural que aflige essa ilha-bairro (igualmente verificável em outras coletividades na Baía de Todos os Santos), Nesse cenário, os moradores são entregues de forma perversa à miséria, a atrasos e a constantes pilhagens. As considerações desta investigação ressaltam a noção de patrimônio cultural como elemento vital para destacar as ações desviacionistas e as artes de fazer, o que presenciei nas ruas de Bonja com seus habitantes realizando o “processo de produção” do patrimônio cultural, o que De Certeau nomina como “economia do lugar próprio”. Assim, revela-se um Estado cada vez mais violento, perturbador, entregue à domesticação e à gentrificação dos lugares a partir de seus pactos com os “parceiros do lucro”. Tal fato conduz os habitantes dessa ilha ao seu saber-fazer anônimo como referencial para a construção simbólica e prática do cotidiano, desenvolvendo modos de como fazer, quando fazer, com quem fazer as práxis culturais que surpreendem os próprios agentes culturais e revelam singular Salvador esteticamente insurgente.