Educação científica, educação ambiental e comunidades tradicionais: um estudo de práticas sustentáveis no uso de plantas cabaceiras (baobás) pela etnia fula em guiné- bissau

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Candé, Antonio Alfa lattes
Orientador(a): Almeida, Rosiléia de Oliveira lattes
Banca de defesa: Oliveira, Rosiléia Almeida de lattes, Vieira, Fábio Pessoa, Silva, Jamile Borges da
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Coleções por área do conhecimento
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38741
Resumo: O contexto da educação em Guiné-Bissau e principalmente na aldeia de Québo explicita as falhas ocorridas ao longo do tempo no que tange ao ensino de Ciências e à abordagem sobre educação ambiental, sendo recorrente a não inclusão do diálogo de saberes tradicionais oriundos dos grupos étnicos, como os Fulas. Nesse sentido, é necessário focar nos aspectos que ultrapassam os saberes baseados somente no eurocentrismo, que torna o conhecimento científico como detentor da verdade absoluta. Ao longo dos anos surgiram questionamentos quanto a esse tipo de pensamento, a partir do reconhecimento de que há várias formas de saberes, todas elas legítimas. Essa bandeira é defendida pela corrente decolonial, que se posiciona contra essa visão universalista na educação e nas relações humanas pautadas na hierarquização, que é fruto da colonização europeia. Ademais, o mundo se depara com problemas ambientais graves, cujas consequências são alterações climáticas, secas extremas, ventos e chuvas anormais e são originadas pela ação dos seres humanos e em decorrência do capitalismo, que visa somente o lucro. É necessário promover uma educação científica e uma educação ambiental que visem à inclusão de ideias e vozes de populações tradicionais e os seus saberes nesse debate, com compromisso em superar a colonialidade, marcada pela discriminação e superioridade de conhecimentos. Nesse contexto, para os africanos, a oralidade, como uma forma de transmissão de conhecimentos, é uma resistência, na qual os mais velhos e anciões preservam um modo de vida e transmitem conhecimentos para gerações vindouras. Nesse sentido, este trabalho visa compreender as práticas sustentáveis no uso das plantas cabaceiras, transmitidas pela oralidade, construídas pelos membros da etnia fula, residentes na cidade do Québo em Guiné-Bissau como referência para o diálogo crítico e decolonial de saberes na educação escolar e discutir a necessidade de rever o currículo escolar na Guiné-Bissau, que traz influências externas e está distante da realidade social que abrange diversas culturas africanas, incluindo a dos Fulas, residentes na aldeia de Québo, onde este trabalho foi desenvolvido com metodologia de Djumbai, valorizando a oralidade e os saberes ancestrais. A consideração no currículo dos saberes tradicionais sobre a planta baobá é apresentada como uma proposta compromissada com a construção de um currículo decolonial para as escolas locais.