“Trabalhando por conta própria”: mulheres de cor e trabalho urbano na Havana entreguerras (1868-1880)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Lopes, Georgia Dominique Vanessa Cedraz lattes
Orientador(a): Mata, Iacy Maia lattes
Banca de defesa: Diaz, Aisnara Perera lattes, Mata, Iacy Maia lattes, Farias, Juliana Barreto lattes, Santos, Ynaê Lopes dos
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34995
Resumo: As duas primeiras guerras por independência e abolição da escravidão em Cuba (Guerra de Dez Anos e Guerra Chiquita) começaram no setor Oriental da ilha; posteriormente, se estenderam ao Centro; todavia, o front de combates bélicos, que devastou inúmeras cidades e vilas, zonas rurais e urbanas, não chegou a Havana, capital da colônia espanhola. Ainda assim, a população havaneira sofreu os reflexos socioeconômicos dos conflitos. Neste cenário de tensões sociais, de mudanças profundas, analisamos o mundo do trabalho urbano executado por mulheres de cor em Havana durante a segunda metade do século XIX, quando os conflitos armados ocorreram; entre 1868 e 1880. Esta pesquisa permitiu ampliar as considerações elaboradas pela historiografia acerca das contribuições socioeconômicas que as mulheres de cor deram à sociedade colonial cubana; concluímos a princípio que, muito mais que números expressivos e mão de obra basilar para o funcionamento das cidades coloniais, mesmo em meio às guerras, estas mulheres incrementaram a economia ao lutar cotidianamente por sobrevivência e liberdade, ainda que, nem sempre isso tenha significado sair do cativeiro ou ascender socialmente, e, muito pelo contrário tenha significado, incontáveis vezes, permanecer numa vida de miserabilidade. Concluímos, também que, muito mais que numerosas trabalhadoras, amplamente notadas por viajantes e expressamente presentes nos censos elaborados pelas autoridades coloniais, estas mulheres seguiram sendo incansáveis expoentes dos direitos dos/as de cor, iniciando processos judiciais, todavia, com novos argumentos, explicitando estarem atentas às mudanças sociais e legais que lhes rodeavam; isto é, seguiram apresentando contundentes alegações contra senhores/as de escravos/as, movendo processos na busca por uma vida melhor, ao mesmo tempo em que os homens de cor lutavam por liberdade no Exército Libertador. As páginas desta pesquisa tentam transpor, então, o cenário de batalhas no front, voltando-se para a análise dos combates diários que as mulheres de cor travaram mesmo não pegando em armas. Analisamos de que modo negras e mestiças lutaram para que seus ideais de liberdade e justiça fossem vitoriosos na batalha cotidiana contra a sociedade colonial. Analisamos, sob a perspectiva da História Social, as estratégias utilizadas por essas mulheres na luta por uma vida menos cruel; por acesso a espaços públicos em que a suspeição não fosse uma premissa; por uma vida sem vigilância. Ao fim e, ao cabo, concluímos que, em verdade, mesmo antes da segunda metade do Oitocentos, quando as guerras sequer haviam começado, as mulheres de cor já tinham uma tradição de luta por liberdade e melhores condições de vida, todavia, com os conflitos bélicos se expandindo por longos anos do século XIX e mudanças nas legislações e na economia ocorrendo dentro e fora da sociedade colonial espanhola, a vida dessas mulheres sofreu importantes reveses mas também seguiu em meio a relevantes permanências.