Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Novaes, João Reis
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Orientador(a): |
Cardoso, Lucileide Costa
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Banca de defesa: |
Cardoso, Lucileide Costa
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Arias Neto, José Miguel
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Aras, Lina Maria Brandão de
,
Fonseca, Marcos Luiz Bretas da
,
Leite, Rinaldo César Nascimento
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em História (PPGH)
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Departamento: |
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34954
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Resumo: |
Tecelões da (Des)Ordem: Policiamento e Cotidiano nos Sertões da Bahia (1891-1930) tem como objetivo problematizar as relações instáveis e tensas estabelecidas entre os integrantes da força pública e a população que vivia nos sertões da Bahia ao longo da Primeira República. É preciso acentuar que essa problematização é orientada pelos pressupostos estabelecidos pelo método indiciário, ou seja, está fundamentada na análise dos detalhes, dos dados marginais, dos resíduos tomados enquanto pistas, indícios, sinais ou vestígios, capazes de proporcionar a compreensão da experiência humana ao longo do tempo. Nessa perspectiva, a construção do conhecimento histórico deve partir de uma investigação minuciosa que possibilite desvendar as nuances dos acontecimentos a partir dos indícios imperceptíveis para a maioria das pessoas, pois esses indícios, quando inquiridos e contextualizados, fornecem respostas não só para a pergunta o que a documentação consultada pode “dizer”, mas, sobretudo, o que está nas entrilinhas do que ela é capaz de “dizer” a respeito dos mais diversos acontecimentos históricos. Orientado pelos preceitos desse método, compreendi, a partir da documentação e da bibliografia consultada, como os policiais, mesmo tendo seu campo de ação limitado, seja pelos preceitos legais, seja pela disciplina e hierarquia propagada por sua corporação, seja pela resistência ou alianças estabelecidas com os indivíduos que deveriam ser policiados, conseguem garantir vantagens pessoais durante o desempenho de suas funções. Como se vê, a problemática norteadora desse trabalho extrapola a habitual insistência na construção de uma narrativa responsável por enfatizar uma história institucional da polícia, relegando, a um segundo plano, as experiências dos policiais e a sua interação com milhares de homens e de mulheres que viviam nos sertões da Bahia. Isso é possível porque os integrantes da força pública, homens de carne e osso que sentiam as suas experiências, que possuíam suas aspirações, seus sonhos e seus medos, acabavam ressignificando, cotidianamente, o papel projetado para eles pela a alta hierarquia de sua instituição e pelas autoridades políticas, pois, os policiais, a serviço nos sertões da Bahia, gozavam de certa margem de independência nas suas ações e uma capacidade de arbitragem que usavam geralmente em benefício próprio. Consequentemente, na tentativa de garantir os seus interesses particulares, os agentes da instituição policial, responsáveis por garantir a “ordem” pública, foram, em muitos momentos, responsáveis pela instalação da desordem nos sertões da Bahia. Em outras palavras, no labor cotidiano dos policiais, as fronteiras entre o mundo da “ordem” e o da “desordem” se separam por uma linha tênue e movediça que, em questão de instantes, a depender das ações dos policiais, poderia levá-los da condição de sentinela da “paz pública”, como idealizado por sua corporação, a mais um agente da “desordem” – daí surgiu à ideia do título dessa tese. Ademais, lançar um olhar minucioso sobre esses aspectos ajudará a refletir e a compreender o que se passava nos sertões da Bahia no decorrer do processo de consolidação da República brasileira, pois, sendo uma das principais instituições estadual, a polícia militar tornou-se uma imagem localizada da história do próprio Estado da Bahia. |