A produção escrita-discursiva de pessoas cegas no Enem 2017: formações e memórias discursivas em perspectiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Jesus, Ivone Silva de lattes
Orientador(a): Barros, Alessandra Santana Soares e lattes
Banca de defesa: Barros, Alessandra Santana Soares e lattes, Beltrão, Lícia Maria Freire lattes, Bento, Nanci Araújo lattes, Michinel, José Luís lattes, Santos, Robenílson Nascimento dos lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) 
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35615
Resumo: A referida tese prioriza a produção escrita-discursiva de pessoas cegas no âmbito do Enem 2017. Destaca também a centralidade da pessoa cega como sujeito autor/produtor de textos e a importância desta centralidade como objeto de ensino nos processos de escolarização destas pessoas. Esta centralidade germina como objetivo geral: Compreender que formações/memórias discursivas integram a produção escrita-discursiva de pessoas cegas no âmbito do Enem 2017 e desdobra dois objetivos específicos: 1. Identificar que discursos coexistem a partir da reflexão proposta pela temática direcionada aos desafios à formação educacional da pessoa surda no Brasil; 2. Compreender como essa produção escrita-discursiva possibilita a reflexão da própria condição de pessoa cega a partir da sinalização dos desafios para a formação educacional da pessoa surda. Trazemos como aporte teórico os estudos sobre a língua/linguagem privilegiando a língua como fato social; a psicologia histórico-cultural e a pedagogia histórico-crítica; os modelos da deficiência, além de uma breve incursão epistemológica à teoria dos direitos linguísticos. Dentro de uma abordagem qualitativa, constituímos nossa trilha metodológica fazendo dialogar a pesquisa documental e a Análise do Discurso de linha francesa para formação, análise e interpretação do corpus discursivo. Para tal, procedemos à leitura da totalidade das quinhentas e oitenta e cinco redações escritas pelas pessoas cegas participantes da edição do Enem 2017, na sede do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em Brasília-DF. Duas categorias emergentes consolidam a pesquisa: a) Da afirmação de um paradigma inclusivo que coexiste com um discurso de privação linguística em relação à pessoa surda e b) Da reflexão da própria condição de pessoa cega a partir da sinalização dos desafios para a formação educacional da pessoa surda. As categorias revelam uma condição linguística que inscreve a pessoa cega como produtora de uma materialidade escrita-discursiva que, numa primeira instância, coloca a pessoa surda em evidência, problematizando, indagando e afirmando sua circunscrição linguística, repercutindo a atualização de uma ordem sócio-histórica e cultural de privação linguística através de uma outra potente discursividade: a da inverossímil afirmação da oficialização da Libras como segunda língua do Brasil, fazendo-nos refletir sobre o lugar desta na composição da realidade multi e plurilíngue brasileira. Numa segunda instância, essa mesma materialidade germina um viés de análise que também acusa a presença da “pessoa cega”, historicamente instituída como signo; como ser periférico à lógica instituinte vidente e como sujeito de direitos que contesta, de maneira contínua e germinal, a lógica do ser “deficiente” para, então, através de sua atividade como ser de linguagem perceber-se como “pessoa com deficiência” e como “pessoa cega”, dentro das formações discursivas inscritas nos paradigmas da exclusão, segregação, integração e inclusão e nos modelos sobrenatural, médico e social da deficiência. As relações paradigmáticas/modelos sedimentam-se, então, como memórias discursivas pois, mesmo com as transformações propostas pelo paradigma da inclusão, mais recente, percebe-se a presença das formações discursivas anteriores que compõem o imaginário social acerca do ser cego/ser pessoa com deficiência. A transformação desses sentidos estabilizados revela-se como efeito de sentido que assinala a assunção do lugar de sujeito, ou seja, de um lugar social ressignificando o existir do ser cego, descentralizando esta condição do não ver e deslocando-a para a condição do existir a partir de um ser-aí cego. Palavras-chave: Deficiência visual. Pessoas cegas. Enem 2017. Produção escrita-discursiva. Análise do Discurso.