A Matemática das mulheres: as marcas de gênero na trajetória profissional das professoras fundadoras do Instituto de Matemática e Física da Universidade da Bahia. (1941-1980)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Menezes, Marcia Barbosa de
Orientador(a): Souza, Ângela Maria Freire de Lima e
Banca de defesa: Souza, Ângela Maria Freire de Lima e, Minella, Luzinete Simões, Casagrande, Lindamir Salete, Vanin, Iole Macedo, Casagrande, Lindamir Selete
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23639
Resumo: Analisar a majoritária participação e a atuação de mulheres em um curso superior de matemática na Bahia na década de 40 de século XX e o envolvimento dessas mulheres na articulação e fundação do IMFUBa constituiu o objetivo central deste estudo, com foco nas implicações de gênero na trajetória profissional das professoras fundadoras do IMFUBa e das que as sucederam na consolidação desta Instituição. A abordagem teórica utilizada para o alcance dos objetivos propostos envolveu o estudo da História da Ciência com o apoio de Paolo Rossi e outros; da História da Educação a partir de estudos de Arilda Ribeiro, Tereza Cristina Fagundes, Maria Hilsdorf e outras; do ponto de vista epistemológico, este estudo se apoiou no pensamento de Sandra Harding, Evelyn Fox Keller, Nancy Hartsock, Ruth Hubbard e Donna Haraway. As reflexões de Londa Schienbinger, Ângela Freire de Lima e Souza, Cecília Sardenberg, Carla Cabral, Lindamir Casagrande, Luzinete Minella, dentre outras, sobre Gênero e Ciência foram fundantes para desenvolvimento das análises. Neste contexto, as estratégias metodológicas escolhidas para a obtenção das informações deste estudo, de caráter qualitativo, incluíram as entrevistas semi-estruturadas, coerente com a ideia dos estudos críticos feministas de dar voz aos, em geral, “silenciados” pela historiografia oficial. Arquivos de documentos da antiga Faculdade de Filosofia, bem como de outros acervos da Universidade Federal da Bahia também constituíram fontes de informação que possibilitaram a construção da história aqui contada. Os dados encontrados na pesquisa revelam a importância fundamental da análise na perspectiva dos Estudos de Gênero para se entender em sua completude a importância histórica de Martha Dantas e Arlete Cerqueira e a dimensão de seus respectivos trabalhos para a criação e a consolidação do Instituto de Matemática da UFBA. Os relatos das demais professoras permitem afirmar que a subjetividade, as emoções e a sororidade foram características importantes na trajetória profissional das agentes construtoras do conhecimento aqui retratadas. A análise dos depoimentos revela que a História da fundação do IMF está profundamente marcada pelas relações de gênero em articulação com outras categorias, particularmente, a classe social. As entrevistadas, na sua maioria, associam a construção de suas identidades de gênero à maternidade, mostrando a permanência desta relação estabelecida deste outras gerações. Também se revelou, de modo marcante, a diferença geracional existente entre as entrevistadas em relação à conciliação das atividades profissionais e atividades familiares; as pioneiras demonstraram “naturalidade” ao dizer que vivenciaram essa conciliação, contando com o apoio de outras mulheres e exercendo a dupla jornada. Não houve por parte delas nenhuma menção sobre a participação dos companheiros. As mais jovens relataram a mesma dinâmica, mas pontuaram a falta de “ajuda” dos companheiros, talvez sinalizando uma tomada de consciência sobre a assimetria dos papéis de gênero no que se refere aos cuidados com a família. Apesar da unanimidade da negação das discriminações de gênero no ambiente de trabalho, os depoimentos revelaram que as docentes eram marcadas pelas suas identidades femininas, muitas vezes de forma pejorativa, no ambiente institucional. Desdobramentos deste estudo incluem novos enfoques de pesquisa que podem revelar, em investigações futuras, por exemplo, a razão da não implantação de um curso de Doutorado no IM/UFBA, como a nova geração de acadêmicas que estão atuando no IM pensa (ou não) sobre a sua identidade de gênero, como as identidades de gênero das docentes atuais se refletem em suas práticas pedagógicas, ou ainda se são problematizadas as questões diferenciadas que cercam a construção das carreiras acadêmicas de homens e mulheres, entre outros questionamentos possíveis.