Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Franco, Maria Asenate Conceição |
Orientador(a): |
Tavares, Márcia Santana |
Banca de defesa: |
Bandeira, Lourdes Maria,
Barros, Zelinda dos Santos,
Delgado, Josimara Aparecida,
Araujo, Rosangela Janja Costa,
Noronha, Valéria dos Santos |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós- Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28041
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Resumo: |
Nesta tese proponho (re)olhar à questão da violência de gênero contra mulheres trabalhadoras rurais. A simbologia semântica “homem – cumeeira da casa” e “mulher – dona do próprio nariz” emerge da trajetória de cinco anos dedicados ao estudo de mulheres trabalhadoras rurais das cidades de Governador Mangabeira e Muritiba, situadas no Recôncavo Baiano, sob uma perspectiva feminista e de gênero. As primeiras palavras desafiadoras traduzem este trajeto teórico-empírico ao desfiar a violência de gênero na historiografia da mulher brasileira, dei início à contextualização a partir do foco mulher, mulheres e suas histórias (bem ou mal) contadas. O patriarcado é reproduzido através das violências de gênero, ora traduzidas como violência simbólica, num continuum e, neste contexto, “eu vejo o futuro repetir o passado...”. Na contramão do sistema patriarcal, os movimentos feministas e os movimentos de mulheres respondem pela conquista do marco legal, a Lei Maria da Penha: lutas, resistências e conquistas. A base empírica desta pesquisa seguiu a trilha metodológica para (re) construção do objeto investigado, (re) conhecendo o espaço geográfico da pesquisa de campo: Quem é quem? As histórias de vida: heroínas e guerreiras, sujeitas da pesquisa de campo. Quantas histórias de vida foram coletadas, em cada município mencionado? Quem foram as mulheres que participaram dos relatos ou narrativas? Um breve ‘perfil’. Esboço para um autorretrato: elas por elas. Questões chaves que nortearam as suas narrativas relacionadas ao problema. Assim, foi construído um ‘roteiro’ de entrevista, com a indicação da técnica análise de conteúdo temática de Bardin para o tratamento de dados reunidos durante a pesquisa de campo. A sequência da escrita se preocupou com a temática sobre as mulheres, suas memórias, ruralidades e sujeitas políticas e destacou a personalidade de Margarida Alves, a partir de sua identidade enquanto mulher trabalhadora rural, a Marcha das Margaridas, símbolo do feminismo camponês e sua luta contra a violência de gênero no meio rural, na reivindicação por políticas públicas. O trabalho de campo resultou na construção de um mosaico da violência de gênero nas histórias de vida de 20 mulheres trabalhadoras rurais baianas. Ao rememorar e ressignificar as narrativas das suas histórias de vida em contextos rurais baianos, emergiram várias categorias: religiosidade, nas quais se ancoram para suportar as muitas dores; conjugalidades feitas, desfeitas e refeitas; violências de gênero identificadas; violências intergeracionais, o cruzamento de eixos de subordinação – ser mulher; ser negra; trabalhadora rural [classe], a violência doméstica e ‘familiar’ e seu reflexo nas crianças; a violência de gênero contra mulheres ‘velhas’; ‘as mulheres da rua’ [relação extraconjugal] – “as negas dele”. Dentre os achados da pesquisa, as mulheres rurais que conseguem romper relações abusivas tornam-se responsáveis pelo sustento econômico do grupo familiar e, acima de tudo, “donas de seu próprio nariz”, mas aquelas que continuam convivendo com os autores de violência ainda percebem seu trabalho como “ajuda”, pois são mulheres, a quem cabe a reprodução social, enquanto reafirmam o papel masculino de provedor, como “cumeeira da casa”, sem o qual a família não consegue sobreviver. |