Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Anjos, Marília Santos dos
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Orientador(a): |
Costa, Federico Costa |
Banca de defesa: |
Costa, Federico,
Nery, Joilda Silva,
Pereira, Susan Martins,
Souza, Ionara Magalhães de,
Sanchez, Mauro Niskier |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia. Instituto de Saúde Coletiva
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
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Departamento: |
Instituto de Saúde Coletiva - ISC
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37946
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Resumo: |
Introdução: a tuberculose ainda se configura como um importante problema de saúde pública, sendo uma das dez principais causas de morte no mundo. A epidemiologia da tuberculose está intimamente relacionada aos determinantes sociais, pois influenciam no risco de exposição, na susceptibilidade, progressão da doença, tempo de diagnóstico e tratamento, bem como na adesão e, consequentemente, no sucesso do tratamento. A doença atinge de modo desigual os grupos étnico-raciais pretos, pardos e indígenas, e tendo em vista que a maioria dos estudos sobre tuberculose contempla, em sua maioria, a faixa etária dos adultos, surge a necessidade de novos estudos sobre tuberculose voltados para as crianças e adolescentes. Objetivo: investigar os determinantes relacionados ao adoecimento, ao desfecho de tratamento e à resistência medicamentosa da tuberculose em menores de 15 anos no Brasil. Metodologia: a tese é composta de três artigos. No primeiro artigo foi realizado um estudo observacional, exploratório e descritivo. A população foi composta por todos os casos de tuberculose drogarresistente nas faixas etárias de menores de 15 anos e de 15 a 19 anos, cujos dados foram provenientes do Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose de todo Brasil, no período de 2008-2019. A análise dos dados foi realizada aplicando-se o teste exato de Fisher. No segundo artigo foi realizado um estudo exploratório de coorte retrospectiva. A população do estudo foi composta de todos os casos de tuberculose em menores de 15 anos. Os dados foram provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação de todo Brasil, no período de 2008- 2019. A análise dos dados foi realizada por meio da regressão de Poisson com variância robusta, com cálculo do Risco Relativo e intervalo de confiança de 95%. No terceiro artigo foi realizado um estudo de coorte. A população do estudo foi composta por todos os indivíduos menores de 15 anos inscritos na Coorte de 100 Milhões de Brasileiros. Os dados foram provenientes do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e posterior linkage com os dados de tuberculose registrados, obrigatoriamente, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação de todo Brasil, no período de 2008-2018. Na análise, foram construídos modelos hierárquicos, por meio de regressão de Poisson com variância robusta, a fim de investigar os determinantes sociais da tuberculose infantil no Brasil. As análises foram desenvolvidas no software Stata 15. Ressalta-se que, embora, os dados sejam secundários e não identificados, todos os aspectos éticos preconizados pela resolução 466/12 e 510/16 envolvendo pesquisa com seres humanos foram respeitados. O projeto obteve aprovação do comitê de ética em pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (nº do parecer: 5.075.877). Resultados: No artigo 1, observaram-se 46 (8,3%) casos de tuberculose drogarresistente em menores de 15 anos e 509 (91,7%) casos na faixa etária de 15-19 anos. A distribuição por sexo é diferente nas duas faixas etárias, registrando-se uma proporção de 70% de meninas na faixa etária menor de 15 anos e 45% na faixa de 15 a 19 anos. Foram observadas diferenças estatisticamente significantes em: a raça/cor, forma clínica, local do provável contágio, ser contato de algum caso de tuberculose e realização do tratamento diretamente observado. Em relação ao artigo 2, notou-se que as crianças negras, pardas e indígenas apresentaram um risco maior de ter resultados desfavoráveis em comparação com as crianças brancas (24%, 29%, e 29%, respectivamente). Crianças com menos de um ano de idade apresentaram um RR de 1,80 (95%CI: 1,61-2,00) e crianças de 1 a 4 anos apresentaram um RR de 1,19 (95%CI: 1,06-1,33), compondo as faixas etárias com maior risco de ter algum resultado desfavorável. Crianças diagnosticadas com HIV positivo apresentaram um risco quase três vezes maior de desfechos desfavoráveis do que aquelas com resultado negativo para HIV [RR: 2,61; 95%CI: 2,33-2,94)]. Em relação ao artigo 3, foram incluídos 21.619.026 indivíduos e destes, 5.743 casos de tuberculose. Destes, 51% dos casos ocorreram no sexo masculino, 68% em crianças menores de 5 anos e 60% em pessoas de raça/cor parda. A análise multivariada revelou que o local de residência, como morar nas regiões Norte e Sudeste e zona urbana, viver num domicílio com chefe de família do sexo feminino, menor renda, maior densidade domiciliar e ser de raça/cor negra ou indígena estavam associados a um maior risco de tuberculose. Conclusões: é necessário reduzir a incidência dos casos de tuberculose e de tuberculose drogarresistente, sobretudo nas crianças, bem como atingir as metas e indicadores de controle da tuberculose estabelecidos pelos órgãos nacionais e internacionais. Também, é imprescindível reforçar a importância da notificação no sistema de informação da tuberculose drogarresistente (SITE TB) para a produção de estimativas mais acuradas. O estudo revelou disparidade acentuada e maior risco de resultado desfavorável de tuberculose em crianças e adolescentes pretos, pardos e indígenas, além de mostrar que crianças menores de cinco anos precisam de atenção específica, pois aprsentaram risco maior de ter resultados desfavoráveis. Esse trabalho também contribuiu para ampliar a compreensão sobre a situação epidemiológica da tuberculose infantil durante a última década no Brasil. |