Metais nos Sedimentos Superficiais da Plataforma Continental entre Itacaré e Olivença, Sul da Bahia, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Tavares, Joseina Moutinho
Orientador(a): Barbosa, Johildo Salomão Figueirêdo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Geologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23376
Resumo: A zona costeira é a região mais pesadamente atingida pelas modificações induzidas pelo homem e, devido à sua intensa atividade por serem locais próximos de um grande contingente populacional e de atividades agrícolas, o estudo da contaminação de metais nos sedimentos marinhos é de grande interesse público. Para quantificar os metais Al, Cd, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb e Zn foram determinados por meio da técnica de ICP-OES, após extração parcial com água régia. Os resultados foram avaliados por meio de mapas, tabelas, gráficos e Índice de Geoacumulação (IGEO). Foi verificado que os elementos metálicos se encontram dispersos na plataforma continental entre Itacaré e Olivença, sobretudo nos sedimentos lamosos, sendo que nas proximidades das desembocaduras dos rios de Almada, Santana, Cachoeira e de Contas, a profundidade e as concentrações metálicas foram mais altas. Os percentuais dos metais obtidos nos sedimentos marinhos da foz do Rio de Contas foram maiores do que aqueles observados nas desembocaduras dos rios Almada, Cachoeira e Santana. Isto pode estar relacionado à grande extensão da bacia do Rio de Contas, à maior concentração de lama nos sedimentos da foz desse rio, quantidade elevada de compostos orgânicos nos sedimentos provenientes dos solos existentes ao longo do curso dos rios Almada, Cachoeira e Santana e pelo manguezal da foz do rio Almada. A presença acentuada da planta aquática Aguapé nos rios pode também justificar os teores baixos na desembocadura do rio Almada, já que essa planta atua como verdadeiro filtro natural, pois apresenta a capacidade de absorver e concentrar em seus tecidos rejeitos industriais, tais como metais tóxicos. Outra realidade que pode ter refletido nos resultados baixos de metais é que, quando ocorre a mistura das águas fluviais e marinhas no manguezal, há redução da velocidade da água observando-se assim uma redução da capacidade de transporte do material em suspensão e favorecimento de transferência de fase do metal, o que pode acarretar sua deposição no sedimento. Isto é ocasionado pelo fato do pH fluvial ser fracamente ácido e o do mar de aproximadamente 8, em conseqüência os elementos metálicos tendem a ser removidos do meio aquoso, através da coprecipitação dos óxidos-hidróxidos de Mn e Fe, os quais adsorvem íons metálicos, auxiliando na remoção desses metais da coluna d`água para o substrato subjacente. A progressiva neutralização da acidez durante o processo de calagem dos solos da região continental contígua à área em foco, pode ter reduzido os teores metálicos nos sedimentos marinhos da plataforma entre Itacaré e Olivença. Isto pode ter sido ocasionado pelo fato dos metais Fe e Al apresentarem pH de hidrólise baixos e por isso formarem compostos mais rapidamente com a água do que os demais elementos metálicos. Desta forma, os sedimentos dos manguezais que são ricos em matéria orgânica e em compostos de ferro e de alumínio tendem a adsorver tanto ou mais metais do que os solos da parte continental. Com base nos valores limites para metais em sedimentos, estabelecidos pelo padrão internacional adotado pelo Programa de Sedimentos Costeiros da National Oceanographic and Atmospheric Administration-NOAA e, na ausência de valores padrões brasileiros, diante dos resultados médios obtidos neste trabalho podese concluir que, de modo geral, os impactos dos metais Al, Fe, Mn, Cr, Cu, Pb, Ni e Zn nos sedimentos marinhos são baixos. Isto mostra que o nível de contaminação metálica nos sedimentos da plataforma entre Olivença e Itacaré muito provavelmente, não seja significativo e prejudicial. Essa afirmação pode ser mostrada pelos resultados obtidos através dos Índices de Geoacumulação (IGEO) calculados para servirem como uma medida quantitativa de poluição causada por metais pesados no sedimento marinho. Os valores obtidos de IGEO foram negativos, mostrando que os sedimentos da plataforma continental entre Itacaré e Olivença se encontram na classe 0, o que indica uma quase completa isenção de contaminação. Assim, como os teores metálicos estão abaixo dos níveis de contaminação, os resultados poderão ser considerados como valores naturais (background) para a região da plataforma continental em foco.