“As Marias de Gado”: descortinando trajetórias da participação de mulheres nas vaquejadas da Bahia.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cavalcanti, Adriana Priscilla Costa
Orientador(a): Rocha Junior, Coriolano Pereira da
Banca de defesa: Goellner, Silvana Vilodre, Abrahão, Bruno Otávio de Lacerda, Rocha Junior, Coriolano Pereira da
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31896
Resumo: Dentre as práticas equestres elencadas pelo Atlas do Esporte temos a vaquejada, a qual ao longo da história vem se reconfigurando enquanto possibilidade esportiva e de lazer, típica dos interiores brasileiros, notadamente o nordestino. Observou que por muito tempo, este espaço, não havia sido vislumbrando por uma mulher em sua “intimidade”, ou seja, era incomum ver um corpo feminino puxar e derrubar um boi pelo rabo, em pé de igualdade com os homens. Atualmente, essa realidade tem-se modificado de modo que as duplas de vaqueiros passaram a ser compostas também por mulheres. Assim sendo, interessa aqui analisar as trajetórias de mulheres que fazem parte das vaquejadas, a fim de compreender a constituição da participação delas nesta prática no estado da Bahia entre os anos de 1960 até o tempo presente. Para tanto, foi utilizado enquanto método, a História Oral, que lança mão das experiências, fatos e acontecimentos vividos e relatados pelos sujeitos, como mecanismo principal para se conhecer/saber sobre determinado tempo histórico, que venha a se constituir enquanto objeto de investigação no campo científico. Como fontes, a oralidade, bem como a consulta em jornais da capital e do interior do estado foram eleitos como dispositivos de busca de informações. Observou que uma das aparições de mulheres nas vaquejadas em conteúdo jornalístico se constituiu em 1967, enquanto rainhas de vaquejada, em uma perspectiva que remete a importância da beleza feminina como partícipe da consolidação de um rito glamoroso. Contudo, paradoxalmente, a partir do que diz a fonte oral, percebeu que essa participação contribuiu para o rompimento do que comumente era estabelecido como padrão de beleza, igualmente no que tange a etnia e status social daquelas que desempenhavam tal papel em outros tempos e espaços. Adiante no tempo, ficou evidente que as mulheres exercem outros papéis e funções que dantes eram delegados apenas aos homens como: vaqueiras (puxadoras e esteireiras), facilitadoras e difusoras do processo de doma racional de cavalos e no agenciamento dos melhores animais e vaqueiros(as) para as competições. Além disso, participam na formação, gestão, direção e consolidação da categoria feminina na Bahia. O que se nota, principalmente, no que se diz respeito ao acesso a esse universo como vaqueiras é que ele ocorre de algumas formas: enquanto tradição de família, na qual pais, irmãos são fundamentais para que esta inserção se consolide, bem como através da influência de amigos e parentes e de modo independente, movidas pela paixão por cavalos, mesmo que sem apoio ou incentivo de seus pares. Os principais obstáculos encontram-se atrelados as dificuldades apresentadas pela nova configuração da prática que estabelece custos elevados na aquisição/manutenção de um bom cavalo, de deslocamento para as competições, baixos valores de premiação para as mulheres e falta de apoio e incentivo por parte de alguns donos de parques de vaquejada que não possibilitam o espaço para a categoria. Todavia, elas tentam garantir sua participação na prática, estabelecendo estratégias de promoção da visibilidade e de melhor organização interna para possibilitar o avanço e o fortalecimento da categoria no estado.