Saúde mental e subjetividade de trabalhadores-estudantes, membros de empresa júnior, durante a pandemia da Covid-19 no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Caldas, Fabiana Botelho
Outros Autores: https://lattes.cnpq.br/7835651666462700, 0000-0002-4181-5500
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9620
Resumo: O trabalho é um indicador social relevante na caracterização dos jovens universitários e na formação da sua subjetividade. Ser trabalhador-estudante significa ser atravessado por múltiplos desafios político-econômicos e socioambientais. Estes trabalhadores-estudantes empenham-se para neutralizar seus déficits, suas condições desiguais de existência e oportunidade. A universidade é vista por estes indivíduos como uma oportunidade de uma formação profissional na expectativa de aumentar suas chances de competição no mercado de trabalho e melhorar suas condições de vida. Dentro contexto universitário surgem as Empresas Juniores, organizações sem fins lucrativos que visam propiciar aos estudantes a oportunidade de aplicar e aprimorar os conhecimentos teóricos adquiridos durante seu curso, que são extremamente atrativas pois são percebidas pelos universitários como diferenciais para a carreira profissional. Todas essas dinâmicas tornam-se únicas devido ao fenômeno ímpar que surge no ano de 2020: a pandemia da Covid-19 que impôs medidas sanitárias de distanciamento e isolamento social que modificaram repentinamente o funcionamento de universidades e suas atividades laborais. Dentro desta conjuntura, trabalhadores-estudantes que participam de empresa juniores empenham-se em cumprir estes diversos papéis em nome de êxito profissional a ser colhido no futuro e aceitam a sobrecarga enquanto normal para a situação em que vivem sacrificando muitas coisas em prol deste objetivo. Mas qual o efeito deste tipo de dinâmica na formação de sua subjetividade e os impactos em sua saúde mental? Deste modo o objetivo do estudo é caracterizar os processos que constituem a subjetividade e a saúde mental de trabalhadores-estudantes universitários, membros da Empresa Júnior, durante a pandemia da COVID-19 no Brasil. Para isto, realizou-se uma investigação descritiva de corte transversal, com abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 13 participantes através de plataforma online onde os pesquisados foram das regiões norte, nordeste, centro-oeste e sudeste do país, todos estudantes universitários de Universidades Públicas. Para a análise dos dados utilizou-se o Software IRAMUTEQUE. Os resultados apontaram que Empresas Juniores demonstram-se satisfatórias para o desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais o que favorece a entrada destes universitários no mercado de trabalho de sua área de atuação sendo inclusive um diferencial importante em alguns processos seletivos, também é vista como um importante formador dos processos subjetivos destes universitários ao fato que ocupam um lugar de muito destaque em suas vistas e contribuem substancialmente para sua visão de mundo. Outro fator relevante é quanto a nova dinâmica desencadeada pela pandemia acabou gerando uma nova forma na distribuição de tempo agora mais flexível, por conta das atividades remotas, que ora são vistas como positivas, ora são percebidas como difícil de gerir. Conclui-se que os fatores de sofrimento dos estudantes pesquisados tem uma grande relação com a nova dinâmica que o a pandemia trouxe como o afastamento social, a necessidade de mudanças significativas na rotinas e desenvolvimento das atividades estudantis e laborais o que gerou cargas horárias exaustivas e o excesso de atividade, porém este sofrimento é visto pelos participantes como um sacrifício necessário e que precisa ser superado para se obter sucesso profissional, no entanto tem um impacto substancial na saúde mental destes trabalhadores-estudantes.