Relação saúde e condições socioambientais entre os Munduruku da terra indígena Coatá-Laranjal, Amazonas - Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Mendonça, Janiacley Reis
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/2395420365558661
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Humanas e Letras
BR
UFAM
Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/2261
Resumo: Os Munduruku sofreram ao longo de sua história uma série de transformações sociais, culturais e ambientais, que trouxeram conseqüências para a saúde dos mesmos. O presente estudo teve como objetivo compreender as percepções dos Munduruku da Terra Indígena Coatá- Laranjal acerca da relação saúde e condições socioambientais, tentando identificar os impactos dos problemas socioambi entais no processo saúde/doença e enunciando formas de enfrentamento aos problemas levantados. A pesquisa realizou-se na Terra Indígena Coatá- Laranjal (Rio Canumã e Mari-Mari), localizada no Município de Borba, Distrito Sanitário Especial Indígena de Manaus, Estado do Amazonas. Para realizar este estudo, adotamos o método etnográfico e o tipo de pesquisa foi baseado na abordagem de análise qualitativa, acrescida com dados quantitativos. As técnicas de coleta de dados utilizadas incluíram: surveys, observação participante, entrevistas semi-estruturadas, discussões com grupos focais e relatos orais. A história da luta pelo território, culminando com a demarcação da terra indígena (2001) são questões destacadas pelos Munduruku, pois o território além de ser para eles um espaço de construção de identidade é o espaço das relações sociais e motivo de guerras e conflitos. Analisando as percepções dos Munduruku, verificamos que possuem uma visão clara sobre a relação saúde e ambiente, evidenciando-se a preocupação com a preservação do ambiente e seu entorno, bem como com a sustentabilidade das futuras gerações. Os principais problemas ambientais percebidos pelos mesmos foram: queimadas, diminuição da caça, do peixe e dos frutos da floresta, entrada de barcos pesqueiros na área, qualidade e acesso à água, além do aumento do lixo. Também são percebidas pelos Munduruku mudanças nos modos de vida (relações de comércio e trabalho assalariado) e na dieta alimentar, consequência da intensificação do contato, que contribuíram para a introdução de novas doenças nas aldeias como hipertensão arterial e diabetes mellitus Doenças como verminose, diarréia e problemas de pele (coceiras), são relacionadas aos problemas da água suja, falta de poços artesianos e ao aumento do lixo nas aldeias. A malária e a diarréia aparecem ligadas às variações dos ciclos das águas, principalmente no início da subida e descida dos rios. Os problemas respiratórios são relacionados às queimadas e aos desmatamentos. A pesquisa evidenciou atualmente mudanças no perfil de saúde dos Munduruku, com ocorrência de doenças novas e outras reemergentes resultantes das alterações ambientais, sociais e nos modos de vida. Evidenciou também a ocorrência de doenças tradicionais interpretadas como resultantes das forças sobrenaturais e das transgressões culturais e alimentares e o uso das práticas tradicionais de cura. As representações sociais sobre o processo saúde/doença vão sendo recriadas entre os Munduruku de acordo com as experiências acumuladas incorporando novos conhecimentos da medicina ocidental