Da Aldeia à Universidade: vivências cotidianas de mulheres indígenas em uma universidade do estado do Amazonas
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | , |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10213 |
Resumo: | A inserção dos povos indígenas nas Universidades Públicas é resultante da luta individual e coletiva desses povos por uma educação com equidade e qualidade. Apesar da presença das mulheres indígenas ocorrerem de forma mais visível e ativa na universidade, não significa que essa presença aconteça sem entraves e dificuldades, especialmente em relação à desigualdade de gênero e a discriminação étnico-racial. A partir disso, essa pesquisa tem como objetivo compreender as vivências cotidianas de mulheres indígenas enquanto estudantes universitárias da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA). Metodologicamente, caracteriza-se como uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, utilizando como aporte teórico autores da Psicologia Social em diálogo com autores decolonias e indígenas. Como instrumento, utilizamos entrevistas semiestruturadas e o diário de campo. Participaram da pesquisa, seis mulheres indígenas, estudantes de medicina (1), enfermagem (2) e odontologia (3), com idades entre 20 e 29 anos. Analisamos o conteúdo das entrevistas a partir da Análise Temática (AT) proposta por Braun e Clarke, na qual identificamos três temas centrais e sete subtemas: 1. Chegada e permanência (desafios anterior; desafios cotidianos); 2. Saúde (fatores prejudiciais; redes de apoio; sugestões); 3. Saberes (saberes e conhecimento em saúde; saberes que se encontram). Os resultados revelaram que a luta das mulheres indígenas para ingressar na universidade, se inicia antes mesmo de sua chegada a esse espaço, começando ainda na saída de sua aldeia, em que o percurso da aldeia à universidade caracteriza-se como um percurso não apenas físico, mas também simbólico. As experiências compartilhadas pelas estudantes indígenas evidenciaram uma realidade preocupante de desigualdades sociais e barreiras socioeconômicas que as acompanham desde o ensino básico, e podem ser reforçadas e perpetuadas na universidade. Nesse contexto permeado por desafios e lutas para ingressar e permanecer na universidade, as mulheres indígenas cotidianamente realizam um movimento de reterritorialização na tentativa de demarcar seu espaço enquanto indígena, mulher e universitária. Esses entendimentos destacam a importância não apenas de garantir o ingresso de estudantes indígenas no ensino superior, mas também de proporcionar condições adequadas para a permanência e conclusão de seus estudos. As vozes insurgentes das estudantes reivindicam a necessidade de uma universidade que respeite e considere as especificidades desta mulher indígena. Ao relacionarem os conhecimentos tradicionais com os conhecimentos da medicina convencional sobre os cuidados em saúde, reforçaram a possibilidade de coexistência e encontro de diferentes saberes, contribuindo para o fortalecimento de suas identidades culturais e conhecimentos no território acadêmico. Portanto, a universidade, como espaço de construção de conhecimento, deve possibilitar diálogos interculturais e decoloniais que reconheça, valorize e respeite os conhecimentos dos povos indígenas em saúde. |