A música kuximawara: uma etnografia da música popular entre indígenas de São Gabriel da Cachoeira (AM)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Vasconcelos Neto, Agenor Cavalcanti de
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5471024744252517, https://orcid.org/0000-0002-6611-5017
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Antropologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8229
Resumo: O trabalho busca conhecer a música kuximawara. Praticada entre a população de São Gabriel da Cachoeira (AM), especialmente por indígenas, a música popular fornece um ambiente simbólico propício para continuidades milenares da cultura indígena do Noroeste Amazônico. Esse encontro entre a música popular, as narrativas cosmológicas, as histórias pessoais de vida e a perspectiva indígena fornece os elementos bases para o que os interlocutores do trabalho sugerem ser um gênero musical-performativo de música popular local. A proposta etnográfica busca assimilar essa ideia tentando responder perguntas como: “o que é a música kuximawara? onde ela é praticada? Quais os costumes e comportamentos que caracterizam o grupo de participantes dessa prática musical?” e outras questões contextuais. A partir do trabalho de campo, quatro meses entre músicos indígenas de São Gabriel da Cachoeira, principalmente Baré e Tukano, descrevo como se deu minha participação na cena da música kuximawara. Por meio das atividades de produtor musical, músico e compositor, condição que compartilho com os interlocutores, realizei uma série de atividades em conjunto com os músicos e o público dessa cena. Os principais resultados desse processo são: gravação do CD Caboclo do Rio Negro, de Ary até Ykuema, indígena baré; CD Bahsana a’tia, de Jack da Guitarra; participação da Festa do Divino Espírito Santo da comunidade de Iá-miri; centenas de fotos e horas de gravação de performances ao vivo, realizadas com auxílio de um gravador de áudio digital portátil de seis canais. Ao participar do processo produtivo e criativo da cena da música kuximawara, as questões iniciais são esclarecidas. As músicas e outros materiais resultantes do trabalho de campo fornecem os dados e fatos em que se baseiam os principais pontos da etnografia. Esses dados dialogam com a literatura especializada no tema, especialmente a etnografia produzida sobre os povos indígenas do Noroeste Amazônico, a literatura sobre Antropologia da Música nas Terras Baixas da América do Sul e as produções acadêmicas dos grupos de estudo do PPGAS-UFAM: Maracá (Estudos sobre Arte, Cultura e Sociedade) e NEAI (Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena). O convívio e, principalmente, as viagens junto com os músicos e produtores locais para participar das festas da região levam a etnografia a focar em prescrições de comportamento que fundamentam o ritual cotidiano que envolve a música kuximawara. Nesse ponto do trabalho, os interlocutores passam a buscar explicações para práticas que envolvem a música kuximawara nas narrativas cosmológicas, que circulam pela região do Noroeste Amazônico há milhares de anos. Busco projetar, com exemplos do trabalho de campo, uma perspectiva indígena sobre a música popular (seus instrumentos e práticas). Ao fim, enumero as práticas e prescrições comportamentais compartilhadas entre os praticantes da música kuximawara, que são as mesmas práticas rituais de antigas narrativas cosmológicas. Relacionando essas continuidades, em uma ilustracão apoteótica final: imagino o personagem mitológico Jurupary dançando ao som de um teclado eletrônico até amanhecer o dia no Alto Rio Negro. Desse modo, essa tese socializa os conhecimentos e materiais resultados desse processo etnográfico. Assim como engaja uma agenda política antropológica no sentido de olhar positivamente a música popular no contexto indígena e demonstrar como há potencialidades pedagógicas para popularizar conhecimentos e práticas indígenas sobre música muito antigas.