Mandatários, solteiras e abonados: relações de trabalho, trabalhadores e trabalhadoras nas usinas de Pau-rosa (1950 – 1980)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Bitencourt, Mirian Souza
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/7468038646182254
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Humanas e Letras
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5353
Resumo: Esta dissertação de Mestrado tem como premissa analisar as relações de trabalho e o cotidiano dos trabalhadores e trabalhadoras nas usinas de pau-rosa da região do baixo rio Amazonas, no período de 1950 a 1980, época que marca o auge e o declínio da produção e comercialização da essência de pau-rosa nessa região. A relação de trabalho se efetivava por meio de um estipêndio, conhecido regionalmente como “abono”, daí a existência dos “abonados”, que eram os trabalhadores propriamente ditos: homens e mulheres que despendiam suas forças de trabalho em diferentes tarefas nos referidos meios de produção extrativistas, com iminente risco de suas próprias vidas. Os trabalhadores e trabalhadoras eram aliciados em seus locus familiares para exercerem um tipo de trabalho compulsório. Os homens passavam semanas em condição subumana, infiltrados nas matas com seus instrumentos de trabalho, uma rede no colo, uma ração de farinha e um punhado de peixe seco, na lida da extração do pau-rosa. Enquanto que às mulheres, na distribuição das tarefas dentro do processo produtivo da usinagem do pau-rosa, cabia, sobretudo, a prática compulsória do trabalho sexual com os pau-roseiros em trânsito pelas chamadas “currutelas”, além do trabalho doméstico determinado pelas relações sociais nas usinas como atividade “das mulheres”. Nas currutelas havia as casas das mulheres solteiras, lugares insalubres e desconfortáveis, onde tais trabalhadoras pousavam e recepcionavam os seus fregueses, para as suas respectivas relações íntimas em troca de alguns “vales” cambiáveis. Portanto, trabalhadores e trabalhadoras formaram um plantel destinado à dinamização da economia pau-roseira no médio rio Amazonas, cuja relação social de produção ganhou a forma de trabalho compulsório, materializado na superexploração dessas pessoas e por um sistema local de estipêndio, conhecido como “abonamento” ou “abono”.