Religião e contrassenso: elementos rituais de matriz africana em igrejas neopentecostais de Manaus
| Ano de defesa: | 2025 |
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| Autor(a) principal: | |
| Outros Autores: | , |
| Orientador(a): | |
| Banca de defesa: | |
| Tipo de documento: | Dissertação |
| Tipo de acesso: | Acesso aberto |
| Idioma: | por |
| Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Humanas e Letras Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia |
| Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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| Departamento: |
Não Informado pela instituição
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| País: |
Não Informado pela instituição
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| Palavras-chave em Português: | |
| Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10740 |
Resumo: | A presente dissertação tem, como objetivo examinar as manifestações socioculturais provenientes das religiões de matriz africana em igrejas neopentecostais de Manaus/AM, tomando, como universo amostral, a Igreja Pentecostal Bíblica Plenitude de Deus (IPBPD), com foco nas práticas de apropriação e utilização de elementos rituais de matriz africana em suas práticas cerimoniais, como também na denegação persecutória da legitimidade das religiões afro-brasileiras, o que resulta em um perturbador contrassenso entre apoderamento e apagamento identitário da população negra, na Amazônia. Um traço significativo, nas interações raciais na sociedade brasileira, é a denegação dos aspectos culturais de origem africana, mais precisamente, das religiões afro-brasileiras. A proibição histórica inicial dos cultos pretos e posterior apropriação de seus elementos rituais, por grande parte de igrejas neopentecostais, emergiram por meio da execução de inúmeros aparelhos discriminatórios e excludentes. Por essa razão, uma diversidade de expressões e saberes, que ocupam ambientes sociais importantes, têm sido constantemente silenciadas. Nas últimas décadas, têm-se presenciado consideráveis transformações ritualísticas na seara neopentecostal manauara, em específico, no campo de observação amostral deste estudo, que passou a se apropriar de elementos das Comunidades Tradicionais de Terreiro (CTTro) para uso em seus cultos, em prol para a dinamização destes, bem como para a captação de novos fiéis, aumentando sua visibilidade no âmbito religioso amazônico. Os resultados da pesquisa revelaram a existência de um nocivo paradoxo, uma vez que, ao mesmo tempo em que a IPBPD se apropria de elementos do Candomblé, Umbanda e suas vertentes, combate impetuosamente os Filhos e Filhas-de-Santo e a cosmovisão desses conjuntos de crenças. Além de tomarem posse de seus componentes e denegarem a ancestralidade elementar dessas religiões, criam um novo nexo causal e lexical com o que delas retiram, atribuindo-lhes novos significados e predicações sacras. Isto feito, o neopentecostalismo colabora para ressignificar negativamente a identidade negra no interior da própria instituição neopentecostal, distorcendo a ancestralidade e cosmogonia contidas no Candomblé, Umbanda e afins, ao lhes impor características negativas, e relacionando-as com o Diabo/Satanás. Instaura, dessa forma, um cenário de atitudes intolerantes, decorrentes de racismo religioso, direcionados exclusivamente às religiões de ascendência africana. Com a utilização dos elementos ritualísticos de uma religião que declaram como “diabólicas” “opostas”, “inimigas” e a ressignificação desses, as congregações neopentecostais efetuam um epistemicídio sociocultural não só praticado pela IPBPD, mas por instituições similares que compõe o campo neopentecostal manauense, cenário que demanda urgente necessidade de discussão acadêmica e, consequentemente, também nas esferas sociais da Amazônia. |