Relação das variações climáticas regionais com assembleias de vertebrados na Amazônia: perspectivas do monitoramento realizado por pesquisadores indígenas na bacia do rio Negro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Cláudia de Lima
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/7875761430514707
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Biológicas
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Zoologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9693
Resumo: Um dos assuntos mais debatidos na atualidade são as mudanças climáticas e suas consequências para a humanidade e a biodiversidade. As mudanças climáticas podem modificar o funcionamento dos ecossistemas alterando a abundância e ocorrência de organismos. A possibilidade de alguns grupos de espécies de animais da bacia do Rio Negro estarem sendo afetados pelas mudanças climáticas, com consequências diretas para as atividades de caça, pesca e agricultura dos povos indígenas e tradicionais, bem como para o equilíbrio dos ecossistemas locais, incentivou a elaboração desse trabalho. O objetivo principal foi verificar, por meio dos dados coletados pelos moradores indígenas locais, como as variações climáticas (pluviosidade e nível do rio) e focos de incêndio estão relacionadas ao registro de ocorrência de espécies de quelônios, aves e mamíferos na bacia do Rio Negro. Para isso utilizamos os dados coletados pelos Agentes Indígenas de Manejo Ambiental de 2017 a 2021, bem como dados de pluviosidade, nível de rio e focos de fogo para o mesmo período. As espécies registradas foram identificadas e agrupadas por grupo funcional de acordo com sua dieta. Utilizamos Modelos Lineares mistos para avaliar o grau de inclinação de retas de Regressões Lineares para estimar a relação entre os grupos funcionais e as variáveis preditoras. Foram identificadas um total de 78 espécies, distribuídas em 41 famílias e agrupadas em 5 grupos funcionais. Entre esses táxons, as aves se destacaram, apresentando o maior número de registros e sendo observados em todas as regiões estudadas. Encontramos uma relação positiva entre do grupo funcional de aves carnívoras e grupos de mamíferos herbívoros e frugívoros com o índice de pluviosidade, indicando que houve mais registros desses grupos durante os meses mais chuvosos. Os grupos de quelônios não apresentaram relação significativa com nenhuma variável preditoras utilizadas. Essa descoberta indica que alterações nos índices de chuva podem afetar a abundância de alguns grupos, levando a desequilíbrios no ecossistema caso as alterações ocorram em maior frequência e em taxas aceleradas. Este estudo indica que mesmo regiões ainda pouco afetadas pelo desmatamento estão sujeitas aos efeitos de mudanças climáticas antrópicas que atuam em taxas e padrões temporais acelerados. Assim, monitoramentos de longo prazo são essenciais para entender melhor a relação entre as variáveis preditoras e a riqueza dos grupos funcionais, e identificar possíveis padrões que possam ajudar as populações locais a enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas globais.