Educação e resistência: diálogos sobre consciência histórica e cultural na cosmovisão de integrantes do povo Pupỹ kary, Sul do Amazonas (Brasil)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Monteiro, Alcioni da Silva
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/9440765349531796, https://orcid.org/0000-0001-8710-4520
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Educação
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Educação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10649
Resumo: A pesquisa “Educação e Resistência: diálogos sobre consciência histórica e cultural na cosmovisão de integrantes do Povo Pupỹkary, sul do Amazonas” foi desenvolvida no contexto do doutorado em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amazonas (PPGE-UFAM). O trabalho surge da necessidade de compreender a educação escolar indígena como um espaço de resistência cultural e fortalecimento da identidade dos Pupỹkary. Diante da realidade de marginalização e desvalorização de culturas originárias, tornou-se essencial investigar como os integrantes do Povo Pupỹkary enxergam a história e a cultura sob uma perspectiva própria, buscando preservar e transmitir sua cosmovisão. O estudo teve como Objetivo Geral: Caracterizar diálogos sobre consciência histórica e cultural na Cosmovisão de originários do Povo Pupỹkary, Sul do Amazonas (Brasil), associando-os à percepção da valorização curricular, como referência à Educação Escolar Específica, Intercultural e Bilíngue, subsidiados pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC), Lábrea-AM (Brasil). Tal valorização curricular busca não só o reconhecimento da língua e dos saberes originários no ambiente escolar, mas também a criação de um espaço que reforce o orgulho e a autonomia cultural dos estudantes originários. Ao estabelecer um olhar para a educação escolar como ferramenta de resistência, o estudo abre uma discussão sobre o papel que a escola desempenha ao legitimar e respeitar as vozes e os conhecimentos tradicionais do povo Pupỹkary. Para tanto, a investigação adotou uma abordagem metodológica baseada na triangulação epistemológica, que une perspectivas histórico-culturais, autoetnografia e metaepistemologia de contextos. Essa abordagem permite uma análise mais profunda e interconectada, respeitando a complexidade e a profundidade dos saberes originários, e refletindo sobre o papel da educação como mediadora entre os conhecimentos tradicionais e o mundo contemporâneo. Essa abordagem permitiu captar, de maneira holística, práticas culturais e educacionais do povo Pupỹkary, além de proporcionar uma análise detalhada das interações entre saberes tradicionais e não tradicionais no ambiente escolar. A pesquisa incluiu entrevistas semiestruturadas com professores, lideranças originárias e coordenadores e área, ambos funcionários da SEMEC, além de observações de campo e análise documental. Os resultados revelam que a educação escolar intercultural e bilíngue quando existente, desempenha um papel crucial no fortalecimento cultural e na construção da identidade dos Pupỹkary. Os entrevistados, como o professor bilíngue João Batista, sublinharam que a educação escolar diferenciada rompe com o silêncio histórico imposto aos povos originários, tornando-se um meio de visibilidade, valorização e de reconhecimento. Além disso, essa educação escolar promove o diálogo intercultural, respeitando as diferenças sem hierarquizá-las, o que facilita a convivência harmoniosa entre as culturas. Conclui-se que a pesquisa contribui para a compreensão da relação entre a cosmovisão Pupỹkary e as práticas educacionais, apontando caminhos para a formulação de políticas públicas que fortaleçam a educação intercultural e bilíngue. Os resultados também subsidiam possibilidades para a criação de cursos de formação para professores que atuam em escolas indígenas. Dessa forma, o resultado da pesquisa reforça a importância de um currículo escolar que reconheça e valorize os saberes tradicionais, promovendo uma educação escolar mais inclusiva e representativa para os povos originários, e, por outro lado, aporta saberes da cosmovisão Pupỹkary que devem ser utilizados como recurso didático em escolas indígenas.